Elmar Carvalho
Fui a Buriti dos Lopes em
companhia da Fátima, do Dico e do Natim, onde eles pretendiam resolver problema
de interesse deles, o que terminou não dando certo, porquanto a pessoa que
seria contactada havia viajado para o Ceará. Por essa razão, resolvemos visitar
a localidade Barra do Longá, que há mais de duas décadas não víamos. Apenas
parte da estrada foi asfaltada, o que nos remete à velha cultura das obras
eleitoreiras inacabadas. O povoado estava bastante mudado.
Quando o conheci, trinta anos
atrás, era uma povoação simples, com poucas casas de taipa e cobertura de
palha. Hoje, possui muitas casas, quase todas de tijolos e cobertas de telhas.
As casas de palha já quase não existem. Seu nome se deve ao fato de ser o local
onde o rio Longá deságua no Parnaíba, depois de banhar municípios como Alto
Longá, onde nasce, Campo Maior, Barras e Buriti dos Lopes. Em Esperantina e
Batalha, ele forma a bela e turística cachoeira do Urubu, que só se precipita
na época das chuvas, quando dá um magnífico espetáculo de águas revoltas e
espumantes, cujo som atroa de forma quase assustadora.
Lamentavelmente, é um rio que vem
sendo agredido de forma devastadora, a partir das nascentes, que se encontram
bastante degradadas. Quando o “inverno” é fraco, suas águas já não correm em
toda extensão de seu leito. Poucas pessoas se preocupam com sua degradação;
entre esses poucos homens de boa-vontade se destaca o médico humanitário,
boa-praça e intelectual Itamar Abreu Costa, cujo nome declino como justa
homenagem a ele.
Logo se nota, sem nenhuma
dificuldade, já que os monturos são ostensivos, que o crescimento do povoado
trouxe as indesejáveis mazelas do chamado “progresso”. Ao longo da margem
direita, na parte urbanizada, o lixo se acumula de forma feia e repulsiva, com
amontoados de sacos plásticos, garrafas pete, vidros, latas de alumínio, etc.
Também a poluição sonora, tanto pelo volume do som como pela qualidade da
“música”, começa a incomodar.
Um cantor, com voz gritada,
esganiçada e estridente falava no rio Araguaia, e não no Longá ou no Parnaíba.
Na faixa seguinte, em evidente exagero e ufanismo, dizia que ia acabar com a
cachaça. Comentei para o Dico e o Natim, que sua missão seria inglória; que era
mais fácil ele se acabar, do que vencer a gigantesca produção alcoólica
existente.
Preferimos terminar o passeio no
Céu. Não no céu onde os anjos entoam belos cânticos ao Senhor, mas na
localidade Céu, na Ilha Grande de Santa Isabel, no restaurante do Zé Nilson, a
degustar uma saborosa galinha caipira.
5 de janeiro de 2011

Muito poeta.
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