sexta-feira, 2 de abril de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Elmar Carvalho


Flagrantes do aniversário de Zé Francisco Marques, vendo-se sua mulher Rosinha, familiares, amigos e João Alves Filho, que o saúda ao microfone

2 de abril

ZÉ FRANCISCO NO ALTO DA OLARIA

No sábado passado foi comemorado o aniversário natalício do amigo Zé Francisco Marques. Ele é filho do senhor Gerson, amigo de meu pai, e que foi seu colega no velho DCT – Departamento de Correios e Telégrafos. De forte inclinação musical, toca violão e teclado eletrônico, além de cantar. Seu repertório é sofisticado, porém eclético, sem preconceitos elitistas. É ainda radialista e professor de inglês. Não pude comparecer a sua comemoração natalícia, em razão do lançamento de meu livro PoeMitos da Parnaíba, ocorrido nessa cidade do litoral piauiense, onde morei por muitos anos. Vi depois a notícia na internet, e sei que foi concorrida, com a presença de vários amigos. Houve forte libação e farto churrasco. De já advirto, não posso perder a próxima. No início de minha adolescência, fui goleiro de um time do qual faziam parte ele, seu primo João Bartolomeu e o nosso amigo comum Assis Capucho, hoje médico de nomeada em São Paulo, com direito a proferir conferências na área de neurologia pelo Brasil afora. Com a minha ida para Parnaíba, em junho de 1975, não mais nos vimos por mais de duas décadas. Voltamos a nos rever em 1996 ou 1997, na chácara Alto da Olaria, no bairro Flores, de belo, florido e cheiroso nome. Esse local aprazível, cheio de velhas e frondosas árvores, de onde se tem uma bela e panorâmica vista da velha Bitorocara, pertence ao amigo João Alves Filho, fundador e animador de várias associações, inclusive da Academia Campomaiorense de Artes e Letras. No Alto da Olaria disse certa vez (e se não disse deveria ter dito), parafraseando Napoleão, a contemplar a torre da catedral de Santo Antônio do Surubim: Velha Bitorocara, do alto desta colina quase três séculos te contemplam! Conversamos e logo nos identificamos, e restabelecemos fraterna amizade. Na época, meus pais haviam retornado a Campo Maior, enquanto quase todos os meus amigos tinham ido embora da cidade. Disse-lhe que quem me dava assistência e me fazia companhia quando eu vinha a passeio era o Zé Henrique, de quem minha irmã Maria José ficou viúva três anos atrás. Contei-lhe que o Henrique me havia dito que quem fosse seu amigo não mais o procurasse, pois pretendia entrar na lei seca, tornando-se radical abstêmio. O Zé Francisco, com providencial presença de espírito, respondeu-me que me pediria exatamente o contrário, e que eu não o deixasse de procurar quando viesse a Campo Maior. Retomamos a amizade a partir de então. Claro está que o saudoso Zé Henrique não cumpriu a promessa por muito tempo, e muitas vezes estivemos juntos com o Zé Francisco. Sempre que vou a minha cidade natal o procuro, e o faço quase mensalmente. Numa dessas vezes, Zé Francisco contou-me um fato que eu já esquecera completamente. Narrou-me que numa das vezes em que eu havia prometido defender a meta de seu time, eu fora a uma festa na noite anterior, de modo que quando ele e o Assis Capucho chegaram à residência de meus pais eu estava dormindo. Acordado de um sono profundo misturado com ressaca, que me puxava para a rede de dormir, e não para a das traves de um campo de futebol, que sequer as tinha, honrei a palavra empenhada e fui cumprir a minha sina de goleiro. Disse-me ele que eu era um bom goleiro. Creio que se eu não tivesse algum valor ele e o Assis não me procurariam, pois ambos moravam, na época, distante de minha casa. Cultivo a sua amizade porque é ele um cidadão de forte interesse cultural; mantém-se atualizado com o que acontece na chamada aldeia global, cada vez mais aldeia e mais global; gosta de arte, sendo ele próprio um artista musical; tem interesse literário, e além de bom de papo é bom de copo, ou vice-versa, sendo certo que é um boêmio no bom sentido da palavra, porquanto bebe com sabedoria socrática, é bom pai, bom marido, bom amigo e é ferrenho cumpridor de seus devedores magisteriais, pelo que tem o respeito de sua comunidade e de seus amigos.

3 comentários:

  1. José Francisco Marques3 de abril de 2010 às 20:41

    Elmar,
    Atravesso no momento um turbilhão de problemas ocasionado pela doença de minha tia/mãe. A sua homenagem soou como bálsamo divino à minha amargura.
    Obrigado pela consideração e estima de sempre.
    Longa vida meu eterno mestre, meu amigo.

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  2. Caro Zé Francisco,
    você é um bom cidadão, um bom pai de família e um bom amigo, além de cumpridor eficiente de seus deveres magisteriais, de modo que nada mais fiz do que dizer a verdade sobre o amigo.

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  3. Poeta Elmar Carvalho, concordo com tudo o que foi dito e escrito, sobre o grande irmão/amigo, Zé Francisco, a quem prefiro chamar de KIM/QUIM. Foi o saudoso amigo, Gersinho, que nos colocou frente à frente, e desde então, construímos uma sólida amizade. Que o Pai Celestial, ilumine sempre esse nosso irmão, e que a sua tia possa ter a sua saúde restabelecida. Um forte abraço para todos.

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