quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O USO DE CHAPÉU

ALCIONE PESSOA LIMA


Vivemos em uma cidade de clima muito quente, com períodos em que a umidade relativa do ar atinge 20%. E seria óbvio se todos, homens e mulheres desta terra, tivéssemos o hábito de usar chapéu para a proteção da pele, principalmente, pois algumas neoplasias cutâneas são provocadas exatamente pela exposição demasiada aos raios solares.

Mas, mesmo diante do óbvio, estranha é a atitude de algumas pessoas nativas deste chão ironizarem aqueles que têm o bom senso de se utilizar da referida peça para se protegerem, ou mesmo como um complemento às suas vestimentas, demonstrando, sem sombra de dúvidas, uma elegância invejável (pelo menos para mim).

Há algumas mulheres desta terra que se destacam (poucas, é claro) usando o chapéu, mesmo à noite, pois diversificam suas cores e modelos, fugindo do clássico, feito de palha, numa forma irreverente de ser, segundo alguns observadores. Elas demonstram estar corretamente vestidas, conscientes, e deveriam ser exemplos para todos nós. E os homens? O que dizer? São poucos também, talvez não passem de dezenas.

Não há, assim, que ter a preocupação se estar ou não na moda, pois esta quem deve ditar somos nós, tanto que muitas vão e vêm, e pouco se inova, apenas se repetem, com outra cara.

O belo, portanto, deve estar ligado ao útil. O simples pode ser perfeito para a satisfação de nossas necessidades. A beleza agradecerá no futuro, pois o sol demasiado ajuda a envelhecer mais rápido as células da pele, e cremes e massagens poderão não mais fazer efeito quando a mesma der sinal de que há um processo irreversível de degradação, que, muitas vezes, nem a quimioterapia resolverá. Pensemos nisso.

2 comentários:

  1. Prezado poeta,
    É digna de nota a sua observação!
    Deveras o "errado" critica tão severamente o "correto" que muitas vezes chega a inibi-lo. O "incorreto" se afirma tão veementemente que, às vezes, o "certo" soa como errado. A título de exemplo, deixe-me contar o que aconteceu com uma mui prezada colega minha: Cerca de seis anos atrás, uma muito conhecida professora da cidade passou a pilotar uma moto estilo lambreta. Precavendo-se, a professora tomou o cuidado de sempre estar devidamente equipada com seu capacete. Como o amigo já deve ter percebido, em Regeneração, assim como na maioria das pequenas cidades, usar capacete é um tanto incomum, por esse motivo, a professora chamava a atenção de todos na cidade. Outra cultura da região é o uso de apelidos, não deu outra, em pouco tempo, minha colega passou a ser conhecida como PROFESSORA CAPACETE. À medida que o tempo passava, mais pessoas tomavam conhecimento do apelido e a dirigir-se à professora com este apelido. Ah! A professora foi firme na sua postura, manteve o uso do capacete, mas só por um curto período!
    Hoje ela já não usa mais o capacete, mas, infelizmente, muitos ainda se referem a ela da mesma forma.

    Vou procurar um chapéu que combine com o meu perfil. Serei mais um a levantar essa bandeira!

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  2. Caro professor Nelson,
    Apesar de o artigo não ser de minha autoria, mas do meu amigo Alcione, achei válidas as suas observações e analogia. Dizem que o errado nunca quer ser sozinho; que sempre deseja arrastar outras pessoas para o seu lado. De forma que, como vc bem observou, o errado termina ficando como sendo o certo, e este como sendo o errado.

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