terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

AMIZADE COLORIDA



José Maria Vasconcelos
Professor e cronista

Os anos 60 foram generosos na criação de novos verbetes(neologismos) ou velhas expressões com novos significados. Há uma profusão. Lembram-me alguns, criados pela juventude PRAFRENTEX: GATO(A), BRASA(sensual), GAMADO(apaixonado), MORA!?(entende?), JOVEM GUARDA, TREMENDÃO, CARANGO, COROA(avançado em idade), PSICODÉLICO(roupas e adereços multicores), TIRA(policial).
Jovens atuais são criticados pelos coroas, por conduta de FICAR, isto é, uma aventura rápida, sem compromisso amoroso para vínculos mais sérios. Eles não aprovam o FICAR, mas não se lembram dos velhos tempos da AMIZADADE COLORIDA, equivalente a FICAR, hoje. Ainda se acrescentava o SEX-APPEAL, a tentação do fruto proibido, a sedução PRAFRENTEX. E como funcionava o namoro? O marmanjo levava dias de espreitas e flertes. Depois da presa cair na arapuca, mais paciência para o primeiro beijo na boca ("Aquele beijo que eu te dei/ nunca, nunca mais esquecerei..." Roberto Carlos), mais um pouquinho para alcançar as mamilas. Depois, bem depois, desencadeavam o SARRO ou EMPINAR: esfregaço, muitas vezes, resvalado para o sexo. Aí, um deus-nos-acuda. Infeliz garota sem virgindade: era posta para fora da família, à deriva no mundo, arranchando-se em cabaré. A novela do SBT, FASCINAÇÂO retrata a terrível época da garota desvirginizada, na década de 40. Para alívio da moçada, a pílula do não-me-bote-neném já ocupava cabecinhas mais danadinhas dos anos 60. Daí, o movimento feminista atropelou a hipocrisia machista. A juventude tomou atitudes de "proibido proibir", um grito de liberdade a tudo que cheirasse a CAFONA, isto é, passado, JÁ ERA: substituíram ternos e roupas bem engomadas por jeans desbotados e camisas coloridas; cabelos em brilhantina, por longas madeixas soltas; sapatos engraxados, por chinelos toscos e botas volumosas; saias longas, pela minissaia; linguagem agramaticada, pelo português rico de gírias importadas; a elegância, pela rebeldia; a política tradicional e submissa, pelo protesto de rua; a sociedade de consumo, pelo regresso ao primitivismo tribal(hippie), com roupas e enfeites rústicos e artesanais. Paz e Amor, poesia e sonho movidos a maconha e sem violência.

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