Igreja de São Gonçalo - Regeneração |
Fonte das fotos: Blog Menquefilis |
Reginaldo
Miranda
Presidente da Academia Piauiense de Letras
A antiga vila de
Valença, hoje cidade de Valença do Piauí, outrora arraial de Santa
Catarina, fundado e mantido por um troço de paulistas sob o comando
de Domingos Jorge Velho, Francisco Dias de Siqueira, Pedro Nunes
Pinheiro e José Alves de Oliveira, assenta suas raízes nos
primórdios da colonização dos sertões de dentro.
Com
história tão antiga, recebeu os predicados de freguesia em 1739,
sendo a sede situada inicialmente no arraial dos índios Aroases,
hoje cidade de mesmo nome, posteriormente transferida para o lugar de
S. Catarina, depois Caatinguinha, localização atual. Elevada à
categoria de vila por carta régia de 1759, confirmada em 1761 e,
finalmente, instalada em 1762. Estava, assim, levantado o pelourinho
e instalado o Senado da Câmara Municipal, com funções executivas,
legislativas e judiciárias sem fronteiras nítidas. No Piauí
colonial, o Senado da Câmara Municipal da cidade de Oeiras do Piauí,
era formado por um juiz ordinário funcionando como presidente, três
vereadores e um procurador, reduzindo-se o número de vereadores das
vilas para apenas dois. Somente poderiam votar e serem votados os
“homens bons” do lugar, i. é., oriundos de estratos sociais
elevados, geralmente com exclusão de trabalhadores manuais e pessoas
de menor projeção econômica. Essas autoridades coloniais eram
eleitas trienalmente ou conforme o costume com outra periodicidade,
sempre à época das oitavas do Natal. Essas eleições ordinárias
eram ditas “de pelouro”, chamando-se “de barrete” aquelas
realizadas extemporaneamente para preencher vagas abertas por morte,
renúncia ou ausência.
Conforme se disse, o Senado da Câmara
era presidido pelo juiz ordinário, em típica função
administrativa. Além dessa, possuía também o juiz ordinário
atribuições judiciais no cível e no crime até determinada alçada,
fiscais, de Ministério Público ao representar o Senado da Câmara
intentando contra as ações particulares que prejudicassem o
interesse público e, enfim, legislativa ao elaborar a legislação
municipal em conjunto com os demais oficiais do mesmo senado (os
vereadores e o procurador).
Pois, entre os homens bons da vila de
Valença, na Capitania de São José do Piauí, onde preponderavam o
padre Manuel Nunes Teixeira (falecido na década de 1780) e o
famigerado capitão, depois coronel Luís Carlos Pereira de Abreu
Bacelar, também conhecido pela alcunha de “Luís Carlos da Serra
Negra”, está Pedro José Nunes, talvez primo ou sobrinho daquele.
Eleito vereador de Valença, em 1790 ocupa o cargo de juiz ordinário
da mesma vila. No exercício desse cargo, no segundo semestre do ano
de 1790, recebe seis correspondências do governo da Capitania,
conforme anotações no livro de registro de correspondência interna
da Capitania (Códice n.º 152). Em 16 de setembro, foi recomendado
para apurar o assassinato de Manoel Joaquim Duarte, podendo,
inclusive, requisitar auxílio das tropas milicianas estabelecidas em
seu distrito. Em 25 desse mesmo mês, e em datas subseqüentes,
solicita informações ao governo sobre o restabelecimento dos
correios na Capitania. Em 6 de outubro do mesmo ano, estava
investigando o pardo Antônio Pereira, que chegou ao termo de Valença
“com vários gados e cavalos com diferentes ferros”, deixando
suspeita de roubo. Em 29 de dezembro do mesmo ano de 1790, sua
preocupação era o desaparecimento de uma mulher em seu termo, sobre
cujo assunto se comunica com o governo. Portanto, bem cumpria suas
atribuições(Fonte: Casa Anísio Brito. Arquivo da Secretaria de
Governo do Piauí. Códice 152. P. 93. 94a. 97v. 106v. 109/109v.
110v. 113v/114).
Ao que pensamos, residia na fazenda “Alagoa
de S. João”, depois designada “Careta”, no vale do rio
Berlengas, em parte que passou para o termo da nova vila de S.
Gonçalo(hoje Regeneração), oficialmente instalada em 1833. Dessa
forma, sem mudar de endereço o velho político e magistrado da vila
de Valença passou para a de S. Gonçalo, hoje Regeneração, aonde
seus filhos Gonçalo e Benedito José Nunes, vão se eleger
vereadores nas eleições de 1840, reiniciando a história
político-partidária da família.
Faleceu em 19 de abril de
1845, sendo sepultado no dia seguinte, na igreja matriz de S.
Gonçalo(hoje cidade de Regeneração), com o corpo vestido em hábito
branco. Deixou viúva a dona Ana Bernarda da Silva, velha companheira
de jornada e nove filhos, que espalharam a descendência Nunes pelo
Médio - Parnaíba e região central do Piauí.
Com este
registro, resgatamos a memória do patriarca dos Nunes, “homem bom”
da antiga vila de Valença, juiz ordinário e presidente do Senado da
Câmara, cujo corpo repousa religiosamente sob as bênçãos de S.
Gonçalo da Regeneração.
(Artigo publicado no
jornal Meio Norte, coluna Academia, edição de 05.10.2007).
aproveitando a sua riquissima fonte de informações, chegamos então ao patriarca da familia por parte de meu pai, Domingos Nunes Chaves e pelo lado paterno. Pedro José Nunes se casa com Ana Bernarda da Silva e tem 9 filhos, um deles, Gonçalo José Nunes, se casa com Luisa Barbosa Ribeiro e tem 16 filhos. Raimundo José Nunes um dos 16, casa-se com Marciana Barbosa Ribeiro e tem 7 filhos, um deles, Rogerio Jose Nunes, casa-se com Justina Soares do Nascimento, e tem 7 filhos, um deles é o meu avo paterno, Firmino José Nunes, que se casa com Candida Chaves Nunes, a filha do capitao mingote, meu bisavô Domingos dos Santos Chaves. Dessa parte materna da familia tenho poucos relatos, se Domingos dos Santos Chaves era portugues e sobre a origem de seus pais e avós.Obrigado pela ajuda! Sergio Augusto de Miranda Chaves
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