5 de julho
OS NOVOS MATUSALÉNS
Elmar Carvalho
Faz poucos dias dias, entretive uma conversa com o
professor Felisardo sobre assuntos diversos, mas versando
principalmente cultura e ciência. É ele um polivalente, já tendo
lecionado quase todas as disciplinas, entre as quais matemática,
física, química, história e biologia. De maneira especial, gosta
de ler obras literárias e sobre ciência. Além disso, garimpa na
internet documentários científicos e as novidades sobre inventos e
descobertas científicas.
Na palestra, falamos sobre astrofísica e mecânica
quântica. Como não poderia deixar de ser, o sutilíssimo neutrino,
que nada pode deter, entrou na conversa, e se foi sutilmente, da
mesma forma como viera, ou seja, sem se fazer notar. Tratamos da
matéria e da antimatéria, e terminou uma anulando a outra, pelo que
passamos a falar nas coisas espirituais e abstratas. O professor
estava afiado, e discorreu sobre as mais recentes novidades do mundo
científico e eletrônico, sem descurar da medicina.
Tempos atrás, tomei conhecimento de que uma
pesquisadora escrevera uma dissertação ou tese de mestrado sobre a
longevidade de membros da Academia Piauiense de Letras. Alguns já
ultrapassaram os noventa anos de idade, muitos estão na faixa dos
oitentanos, e outros já estão no último quartel da sétima década,
se não estou enganado com as designações matemáticas e etárias.
Em discurso, referindo-me a um dos valorosos confrades, disse que
talvez fosse ele o primeiro imortal a ter o seu centenário
comemorado em vida. Assim disse, assim espero e assim seja.
A Bíblia fala em alguns personagens que atingiram
provectas idades. Sete deles teriam atingido mais de nove séculos, e
entre estes o recordista foi Matusalém, que teria morrido aos 969
anos. Especula-se, hoje, que com as descobertas da medicina, da
ciência e da farmacologia muitos seres humanos irão além dos 130
anos, com uma boa qualidade de vida. Vale dizer, com lucidez e com
razoável agilidade. Muitos acreditam que as próximas gerações
poderão ir além de dois séculos de idade. Não sei até onde vai a
verdade e onde começa a fantasia. Mas o fato é que a expectativa de
vida vem aumentando a olhos vistos. E é vero que a ciência em geral
e a Medicina em particular vêm evoluindo de forma assombrosa.
Muitos acreditam que o Éden voltará a existir no
planeta Terra. Nesse particular, outros tanto duvidam, uma vez que o
homem vem degradando em alta velocidade este habitat, na luta
egoística por mais e mais riqueza. Contudo, com o avançar da
ciência, acredito que novas invenções, novas tecnologias, novos
insumos possam reverter a marcha autodestrutiva do homem. Poderosos
medicamentos ajudam a psicologia e a psiquiatria. Ou seja, atuam no
espírito ou na mente humana. Alguns deles servem para combater a
chamada dependência química.
Os ambientalistas afirmam que o homem está a exaurir o
planeta. Apregoam que a fauna e a flora estão degradadas, que muitas
espécies estão ameaçadas de extinção, que muitas florestas já
foram devastadas de modo talvez irreversível. Grandes glebas de
terras foram desertificadas, com a exploração predatória, e não
racional e sustentável. Tenho dito que somente Deus pode criar do
nada ou de si mesmo. Mas, será se o homem não irá descobrir a
tecnologia capaz de reproduzir e multiplicar a matéria já
existente, e dessa forma deter o exaurimento dos recursos da terra?
As substâncias poderiam sofrer transformações que as tornassem
mais úteis, mais eficazes e mais baratas.
Diante desse quadro, em que a ciência e a tecnologia se
desenvolvem em progressão geométrica e a evolução espiritual
segue a passo de cágado, parece surgir um impasse, com o homem
despreparado para receber os avanços científicos e materiais. Mas,
quem sabe, novas substâncias medicamentosas não poderiam contribuir
para o combate dos desvios comportamentais e das mazelas psíquicas e
espirituais dos atribulados dias hodiernos. Creio que, por trás
desse avanço célere da ciência, está Deus a liberar esses novos
conhecimentos e invenções. Será se a maldade poderia ser eliminada
através de algum “medicamento” ou de alguma intervenção
cirúrgica no cérebro ou no DNA, no futuro?
Dessa forma, com a ajuda da divina Providência, mas
através das descobertas científicas e de avançadas tecnologias, o
homem conquistaria a sua própria imortalidade e reconstruiria o
Paraíso perdido, aqui mesmo, na terra. Longe de mim querer ser
ousado ou herege, mas levanto essa possibilidade porque Deus atua no
homem através do próprio homem. Assim, iríamos além, muito além
do próprio Matusalém.
É sempre um prazer acompanhar posicionamentos bem fundamentados e elucidativos como este, principalmente quando não se fecha em verdades absolutas e nem pretenciosas, deixando em suma o conheciento já adquirido com as possibilidades iminentes. Gostei muito das colocações.
ResponderExcluirProf. Felisardo.
Lancei algumas ideias e opiniões para que o leitor as processe, através de suas reflexões, leituras e experiência de vida, e tire suas próprias conclusões.
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