José
Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Enfim,
o Governo jogou a toalha: substituiu o ensino público sem qualidade
por cotas da embromação para negros, índios e egressos da escola
pública. Certificado da tapeação em troca de diploma superior.
Espécie de carteira de habilitação para barbeiros do volante.
Jovens privilegiados com essas cotas devem se envergonhar, não com a
cor da pele ou raça, mas com o diploma fajuto e barato. O país
entrou na moda da mediocridade como critério de avaliação.
Qualquer vulgaridade caracteriza talento e código de conduta. Basta
se editar uma gramática defendendo besteirol vira tese de mestrado
Joaquim Barbosa, negro porreta, sem cotas, privilegiado
pelo talento e meritocracia, temido pelos tubarões da corrupção.
Ministro do Supremo Tribunal Federal, ousado e corajoso, capaz de
enfiar o dedo nas narinas do colegiado e do padrinho, Lula, que o
indicou ao cargo. Ministro do Supremo Tribunal Federal, logo mais, o
preto caiu nas paixões dos brasileiros, não pela cor, mas pelo
talento, dignidade e coragem, raridades na administração pública.
O
Brasil padece de enorme falta de vergonha de seus representantes.
Joaquim Barbosa insere-se na casta dos bons vinhos da dignidade
nacional. Interiorano, filho de pedreiro e mãe doméstica, sete
irmãos. Separados os pais, assumiu, sozinho, aos 16 anos, as rédeas
de casa, em Brasília, como funcionário de Gráfica Brasiliense.
Sempre estudou em escola pública, bacharelou-se em Direito e
mestrado em Direito do Estado. Oficial de chancelaria, trabalhou em
embaixadas brasileiras em vários países. Procurador da República
por concurso, participou de cursos na área do Direito Público em
vários países, professor universitário concursado, fluente em
inglês, francês, alemão e espanhol, toca violino desde a
adolescência. Se vivesse a era das cotas da embromação, o jovem
Joaquim Barbosa certamente não experimentaria o esforço e
desenvolvimento do talento. Não só Joaquim Barbosa, mas inúmeros
brasileiros mulatos. Machado de Assis, tempo de escravidão,
paupérrimo, origem em favela, gago, epiléptico, nunca entrou numa
sala de aula, porém recebeu aulas do vigário e se dedicou à
leitura, trabalhando na gráfica, escritor de primeira grandeza na
literatura universal. Precisasse de cotas da embromação, cochilaria
no diploma da mediocridade. Castro Alves, mulato, maior poeta
brasileiro, sem cotas, morto aos 24 anos. Lima Barreto, interiorano
pobre, estudou engenharia, sem cotas, romancista brilhante, resvalou
para o alcoolismo, vítima de tratamento racista. Poeta Cruz e Sousa,
mulato, fundou o simbolismo brasileiro. Sua cota foi a persistência,
apesar da forte reação racista de familiares.
Jornalista
Zózimo Tavares questionou, em sua coluna: "Por que Será?
Ministro Joaquim, futuro presidente do Supremo, ganhou destaque em
todo o país como relator do mensalão. As pessoas o saúdam nas
ruas. Ao votar, os eleitores na fila queriam tirar fotos ao seu lado.
Nas redes sociais, ele é referência do bem e da justiça. Tamanha é
sua popularidade que teve que desmentir uma eventual candidatura a
presidente. Apesar de toda esse reconhecimento nacional,
estranhamente as entidades sociais vinculadas à temática negra o
ignoram solenemente. Até parece que ele não é negro. Nem é um
exemplo eloquente para um país que luta para vencer seus
preconceitos." O nome do ministro já percorre o mundo. Uma
fábrica espanhola de máscaras carnavalescas já o escolheu para
alegria momina.
Entidades vinculadas à causa negra e indígena não
relevam o talento e exemplo de Joaquim Barbosa por vários motivos: o
ministro não gera votos nem grana para ONGs e políticos que
defendem a malandragem de adolescentes criminosos. Quem sabe, a
solução para essa turma do bem-bom seja, um dia, um negro arretado
na presidência do Brasil, em vez de um sindicalista descamisado de
cultura.
Não
precisa de tanta discussão sobre cotas, cor ou raça. Discutam como
emprenhar uma educação pública de vergonha no modelo de vida de
Joaquim Barbosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário