sábado, 1 de junho de 2013

Marcação Genética



Edmar Oliveira

Fiquei meio encucado com a notícia de que Angelina Jolie retirou as duas mamas para prevenir um "provável câncer", já que a o exame de seu genoma apontava para 87% de probabilidade, com o agravante de sua mãe ter falecido prematuramente com esse tipo de câncer. Pensei nos 13% de possibilidade dela ter uma mama saudável até a morte por outra causa e me lembrei do Darci Ribeiro. O professor estava no exílio na Europa quando lhe diagnosticaram um câncer de pulmão com a possibilidade de lhe matar em 80% no prazo de um ano. Darci, talvez acreditando num xamã indígena, decretou com convicção que a sua sobrevida estava nos 20% da aposta, e teve bastante tempo para voltar do exílio e ainda prestar grandes serviços à nação por muitos e muitos anos. Lembro ainda de uma pergunta provocativa sobre os malefícios do cigarro, apontado como responsável por seu mal. O mestre respondeu ironicamente dizendo que cigarro era bom, ruim era o câncer.

Mas já se foi o tempo de Darci e da ignorância genética. Hoje os tempos são das certezas de Angelina na marcação genética. Por ela certamente Stephen Hawking, o genial físico engembrado numa cadeira de rodas não teria nascido. Certo também que a humanidade perderia muito pouco com o meu aborto por aconselhamento genético, se Dona Águeda fosse mapeada nos Palmeirais do passado, e eu não estaria escrevendo estas tolices. As doenças seriam evitadas e o mundo seria desta gente bronzeada mostrando seu valor. Confesso que seria muito absurdo não me deixarem pelo menos ver essas moças bonitas e saudáveis do calçadão de Copacabana, mesmo com meu raquitismo deformado e com as crises asmáticas da genética doentia.


Mas continuo encucado com essas percentagens genéticas. Li também a notícia de que um Europeu tirou sua próstata sadia porque a marcação genética apontava para um câncer difícil de evitar. Estou apavorado com esse surto de se evitar o destino por antecipação genética. Não sei se falo em causa própria de quem nem deveria estar aqui. Mas achei muita graça da piada de que um português amputou o pênis porque o risco de ficar “broxa” era muito grande. Quiá, quá, quá!!!!

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