Fabrício
Carvalho Amorim Leite
O
que poucos praticam devido a tantas parafernálias - facebook,
e-mail, internet e outros –, nos dias atuais, é o diálogo
aberto e introspectivo. E, nesta intenção, há alguns anos comecei
neste exercício de paciência que é tentar conversar com o meu
“eu”. Sujeitinho este que, de logo, o julguei inquieto e, muita
das vezes, teimoso.
Mas,
o fato é que, por vezes e, por impulso, não o obedeço (talvez seja
característica dos que possuem uma personalidade muito forte, dizem
os especialistas). O curioso disto tudo é que nossa mente possui a
capacidade de trabalhar no automático.
Nestes
dias, procurando compreender mais sobre o tema, comecei a ler um
livro chamado “Subliminar – Como o inconsciente influencia nossas
vidas”, de Leonard Mlodinow, - peço a devida licença para também
informar que o adquiri no proeminente evento chamado de Salão do
Livro do Piauí, o célebre Salipi.
Nisto,
no começo da obra, para explicar o que é o inconsciente e seus
efeitos, o autor cita uma das teorias do psicanalista Carl
Jung: “Há certos eventos que não percebemos de modo
consciente; eles permanecem, mas foram absorvidos de maneira
subliminar”. Ou seja, a palavra “subliminar” vem do latim e
significa “abaixo do limite”, o que os psicólogos a empregam
para se referir ao que está abaixo do limite da consciência.
Porém,
esta área misteriosa da mente humana - bem que a mente detém um
número infinito de segredos -, muito embora seja invisível para
nós, possui efeitos que se irradiam nos eventos do cotidiano. Assim,
este pedaço da mente dotado de vontades escapa do controle da
consciência.
Como
exemplo da autoridade do subconsciente, podemos citar a capacidade
humana de ler expressões e emoções faciais (em poucos segundos,
nosso cérebro, por conta própria, pode julgar se o rosto é
amistoso ou hostil).
Contudo,
me pergunto qual é ou era a vantagem desta habilidade. Para os
nossos antepassados das cavernas esta poderia significar a diferença
entre a vida e a morte num período em que o instituto animalesco
extrapolava a razão, e o que imperava era a lei do mais forte.
Atualmente, serve para várias situações habituais, tais como um
flerte, entrevista de emprego e outros.
Já Sigmund
Freud, grande especialista na mente, acreditava que o inconsciente
era “uma prisão de segurança máxima” na qual os traumas
sofridos na infância ficavam aprisionados, e nisso estaria à raiz
das infelicidades humanas.
Todavia,
se o famoso psicanalista está certo ou errado, infelizmente, não
tenho como assegurar, mas o que se comprovou é que o inconsciente
pode também ser a origem de várias injustiças. Desejando ou não,
em todo o grupo humano há “um queridinho” escolhido pelos que
possuem o poder de comando. Na família (um filho ou filha), no
trabalho (um subordinado) e na escola (um aluno ou uma aluna),
geralmente há, basta observar.
No
aspecto acima e, principalmente, na escola, o queridinho do professor
muito provavelmente será o aluno com as melhores notas da classe.
Não por motivo de ser essencialmente o melhor de todos, mas porque
os professores acreditam que seja – e acabam atuando
inconscientemente a favor dele -. E, por óbvio, os outros alunos,
que de regra possuíam o mesmo potencial, perderam em
desenvolvimento, neste tratamento de certa forma parcial oriundo do
subconsciente dos professores.
Em
estado de introspecção - voltando ao primeiro parágrafo do texto
-, antes de dormir, permaneço tentando abrandar a torrencial
quantidade de pensamentos processados pela mente, e agora que sei da
existência deste lado obscuro e insurgente da minha companheira, me
pergunto por quantas ocasiões durante o dia agimos automaticamente
de forma errada e, por vezes, recrimináveis, como o corriqueiro
exemplo dos professores em relação aos alunos que não são os seus
“queridinhos” da classe.
Por sorte, da mesma forma que as injustiças podem ser
cometidas automaticamente por nosso cérebro, temos o poder de
reprogramar seu lado ainda obscuro através de incessante
treinamento. Isto quer dizer que temos chance de pelo menos “iludir”
o nosso subconsciente. Em Mateus, 26:41, já foi
prelecionado, grosso modo, o conselho “orai e vigiai”. Por isso,
vigiemos nossos pensamentos e façamos uma reflexão das maldades que
podemos estar cometendo sem percebermos, mas o lado bom é que
podemos alterar a nossa mente.
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