Cunha
e Silva Filho
Aos Estados Unidos por longos anos faltam
grandes estadistas. Não vemos mais um George
Washington, um Thomas Jefferson, um Abraham Lincoln, um
Benjamin Franklin, um Ralph Waldo Emmerson e, mais próximo de
nós, um Franklin Delano Roosevelt, um Martin Luther King,
entre outros menos conhecidos.Todos fazem parte de um país
que se viu formando com figuras de elevado
conceito moral, intelectual, político.
For
graças a esses homens de grande estatura moral
que a democracia americana se constituiu e se consolidou.
Entretanto, “no meio do caminho” segundo o famoso
verso drummondiana, havia uma pedra. E essa pedra
se chamou gigantismo capitalista, país dos
milionários em afronta direta aos necessitados e
aos miseráveis. Onde um país se forma de homens
levados pela grande ambição de acumulação de
riqueza crescem as injustiças, as desigualdades. E, por
conseguinte, a indignação de um povo.
Essa
pedra no meio do caminho também tem outros nomes:
a expansão do capitalismo, ou melhor, a sua exportação
de formas de vida econômica que se foi
espalhando por outras nações. O capitalismo tornou-se,
assim, uma pandemia, um estilo de conduzir a vida
individual, sob a forma mais egoísta possível, e
coletiva dos povos que a ele aderiram. Essa pedra conheceu
outra forma de se manifestar, ou seja, através do
poderio armamentistas recrudescido após a Segunda
Guerra Mundial. País de riquezas variadas,
de climas diferentes, de formações étnicas
diversas, “melting pot” soberano do
Planeta, não se contentou em ostentar só para si
o seu domínio e a sua ganância. Quis alargar-se pelo
mundo afora. Tornou-se hegemônico, espécie de “Império
Romano” dos tempos modernos, com as suas “legiões” de
militares e a sua força armada descomunal de tal sorte
que veio a impor-se como liderança do mundo,
sobretudo econômica e armamentista, tanto no
Ocidente quanto no Oriente. Nesta última região
territorial, com povos de culturas
milenares e visões do mundo
completamente diversas do “American way of life,”
o intercâmbio comercial norte-americano com seus
interesses mercantilistas e de natureza geopolítica, pôs para
o escanteio as boas intenções dos fundamentos dos “founding
fathers” e enveredou para práticas colonialistas
e de exploração econômica e territorial..
Daí
para diante, a política externa americana
descambou para o combate sem trégua à
ameaça comunista tanto internamente quanto
sobretudo nas práticas diplomáticas. Podemos
dizer que todas as guerras e conflitos por que passaram
os governos americanos em relação a outros países
não-capitalistas, em todos os quadrantes da Terra,
tiveram como alvo evitar a implantação de novos
governos comunistas no mundo. Tal se deu com
a China, com o Vietnam e com o mundo
islâmico.
Contudo, ao lutar contra a ameaça
comunista, os Estados Unidos cometeram muitas
erros em sua política externa, quer por
intervenções diretas e unilaterais em
países árabes ou na América Latina, quer por
interesses econômicos de exploração capitalista. No
Brasil, tivemos essa experiência durante a eclosão
da Ditadura Militar.
Se
os EUA não tivessem atuado, em todas essas regiões, para
impor ideias e mudanças com objetivos
de expansão capitalista ou de dominação
de países manu militari, é bem provável que
o terrorismo não tivesse crescido tão fortemente
na contemporaneidade.
O
ódio dos terroristas, a bem vem da verdade, não é
contra os americanos, É,sim, contra maneiras
hegemônicas de sua política externa,
especialmente se tem objetivos de domínio
econômico.
Ninguém
pode negar que a grande nação americana não foi
útil à humanidade sob tantos aspectos: na
tecnologia, na nas ciências, na indústria, nos
inventos, na sua democracia amadurecida, na
educação, no desenvolvimento de seus centros
universitários que recebem, indistintamente
todos aqueles que desejam se aperfeiçoar
nos vários campos da inteligência. As universidades mais
prestigiadas na América recebem pessoas
do Ocidente e do oriente sem discriminação nem
hostilidades. Basta isso para reconhecermos que
os EUA não é esse “demônio “ pintado por
terroristas.O erro da América se encontra na sua política
externa, nas suas invasões unilaterais a países
árabes e no seu vezo de pensar que o mundo
atual está disposto a ações
colonialistas, exploradoras e hegemônicas.
Faltam
aos EUA homens de sabedoria e de espírito
democrático, tal como as ilustres personalidades
da heróica fase da formação da nação
norte-americana.A lição que aquele homens legaram à
posterioridade universal não pode ser esquecida, mas reeditada
nos seus princípios democráticos e de
convivência humana no país e entre as nações
do mundo. Que não sejam esquecidas as palavras de
Lincoln no seu Gettysburg Address, em 19 de novembro e 1863: “Há
87 anos que nossos pais estabeleceram neste continente uma nova nação
concebida na liberdade e fundada no princípio de que
todos os homens nascem iguais.”
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