José
Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Majestoso
templo de São Benedito, esplêndida Avenida Frei Serafim, dois
cartões da identidade de Teresina. Coração de Teresina. Impossível
não os integrar à presença e atividade franciscana na capital. Nem
o pomposo nome de Getúlio Vargas, que construiu enorme hospital na
avenida, na década dos anos de 1940, pegou como denominação da
via. A população foi seduzida pela simplicidade dos capuchinhos,
desde os primórdios da cidade. Portanto, 4 de outubro, dedicado
a Francisco de Assis, um reconhecimento ao trabalho da comunidade
franciscana e suas várias vertentes missionárias.
Em
1874, a minúscula Teresina, fundada em 1852, acabava no rústico
cemitério de negros e expurgados, no Alto da Jurubeba, hoje Igreja
de S. Benedito, inspirado no santo frade leigo, nascido na Sicília,
Itália, de pais etíopes e escravos. Dali estendia-se a Estrada
Real, futura Avenida Frei Serafim, cercada de florestas e sítios até
o Rio Poti, de onde escravos extraíam pedras e areia para construção
da igreja.
Frei
Serafim de Catânia, Itália, nascido em 1811, chegou a Teresina em
1874, depois de longas missões pelo Nordeste, e iniciou a construção
do templo. Gente simples frequentava o templo, ao contrário da
Igreja do Amparo, dos socialmente privilegiados, inclusive sepultados
no Cemitério S. José. Concluída a construção, em 1886, o frade
regressou à Itália e morreu no ano seguinte. Não havia ainda
comunidade de frades, só vigário.
Em
1939, a pedido e doações do arcebispo D. Severino, capuchinhos
instalaram-se numa casa, na Chácara Tabajara, atual Convento de S.
Benedito. Frei Heliodoro construiu parte do convento, em 1941.
Depois, ergueu, no fundo, escola primária, salão paroquial e Pia do
Pão dos Pobres de Santo Antônio. D. Severino ainda ampliou a
paróquia até a Piçarra, onde os frades construíram a capela de
São Raimundo Nonato. Nos anos 50, o vigário Frei Eliézer edificou
o atual templo em substituição à capela. Em 1967, os capuchinhos
entregaram a administração da paróquia de S. Raimundo aos frades
franciscanos, vertente da mesma Ordem.
Capuchinhos
popularizaram-se em Teresina, a partir do frade Frei Serafim,
pioneiro missionário da capital. O baixinho Frei Heliodoro era
conhecido pelo cognome de paizinho. Ninguém tinha pecado ao
confessar-se. O frade, viciado em torrado de fumo, conseguia tudo a
cada aspirada. Frei Mariano, início dos anos 70, transformou parte
térrea do convento no colégio público e misto S. Francisco de
Assis. Abocanhou 2 mil alunos da melhor sociedade, desesperando
escolas religiosas, que se viram obrigadas a adotar o sistema misto.
Frei Mariano modificou a forma arredondada da Igreja de S. Benedito,
no fundo, para retilínea e retirou candelabros históricos e
clássicos. A Justiça exigiu correção ao estilo original. Quanto
aos belíssimos candelabros, segundo se comentava, foram parar em
privilegiadas mansões. O vigário, nacionalmente conhecido na mídia,
Frei Memória, prestigiado no meio político, reformou o fundo do
templo à forma original, ergueu belo altar e estátuas de madeira,
mas não conseguiu resgatar os preciosos candelabros.
Neste
dia 4 de outubro, imagino aquele menino de outrora, que aproveitou a
distração do sacristão, subiu as escadas do templo e se aproximou
dos sinos e da imagem de S. Benedito. Do alto das torres, arrepiado,
contemplou a cidade de ponta a ponta. Esta e outras aventuras,
acompanhando frades. O franciscanismo plasmou a capital do Piauí.
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