quarta-feira, 9 de outubro de 2013

UM CONVITE À REFLEXÃO


Marcos Damasceno
(escritor)

Repreendemos iniciativas de algumas mídias e/ou pessoas que insistem em rotular e, até, reduzir o significado existencial de povos e lugares. Tacham lugares de isolados (que não são mais) e de atrasados (que não são mais). Nossa região, por exemplo, é vista por brasileiros arteiros (isso mesmo: arteiros) – por questões sociais do passado – como lugar de miséria, atraso, ignorância, isolamento, etc. Mobilizam apenas as imagens negativas. Fatos negativos existem em todos os lugares do mundo.

Estamos bem localizados (para o governo desses arteiros), mais do que outras regiões do país. Estamos nessa frente oceânica que se segue para a América do Norte e para a Europa. Ah, e as metrópoles? Temos também. Cidades como Salvador-BA, Recife-PE e Fortaleza-CE são metrópoles. Os mesmos arteiros insistem no clichê imagético de serem metrópoles apenas as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Esses mesmos, que falam uma língua descaracterizada, sem nenhuma originalidade. Nós sertanejos somos brasileiros igualmente quaisquer povos nascidos no território brasileiro; do Oiapoque (Amapá) ao Chuí (Rio Grande do Sul).

Os dramas sociais alarmantes vividos por aqui, em outras épocas, foram essencialmente superados. Aliás, há dramas sociais alarmantes a serem superados no Sudeste, nos tempos atuais, como a violência desenfreada. O império da mídia imperialista, em notável parte da televisão, insiste no mesmo noticiário, recorrente durante décadas, sobre um contexto social que não mais existe por aqui. Tais discursos e tais práticas são inadequados para descrever uma atualidade totalmente diferente. Impróprios para descrever um povo essencialmente bom, hospitaleiro, original (está aí a palavra certa!) e trabalhador.

Fato social que demonstra tais mudanças: segundo o IBGE, hoje quase 70% da população do Nordeste vivem em cidades; implica dizer que não é mais eminentemente rural. Sentindo-se superiores, alguns impõem, até, a (re) colocação dessa imagem negativa, dando a entender que existe hierarquia regional. Lamentável isso! Digno, até, de piedade. Aí é onde está o grande equívoco! O país de privilégios para uns e infortúnios para outros é algo superado, e que deve fazer parte do passado.

Não somos atrasados (ó, seus arteiros!). Há desenvolvimento aqui. E prezamos muito, e isso é da essência do nosso povo, pela nossa originalidade. Não somos arteiros. O que o pré-conceito constrói de bom? Pergunta fácil de responder: nada. Por fim, deixo o meu convite à reflexão.  

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