sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CLIDENOR DE FREITAS SANTOS



CLIDENOR DE FREITAS SANTOS

Reginaldo Miranda
Acadêmico e advogado

No ano passado a Academia Piauiense de Letras comemorou o centenário de nascimento do psiquiatra e acadêmico Clidenor de Freitas Santos. Naquela oportunidade, designamos o também psiquiatra e acadêmico Humberto Guimarães para organizar uma obra em homenagem ao ilustre homem público, obra esta que veio a lume em dezembro do mesmo ano, sendo lançada dia 15 último, com o título Dom Clidenor – o último Quixote(Teresina: APL, 2013).
Clidenor de Freitas Santos foi médico, professor, intelectual e político brasileiro. Nascido em 16 de fevereiro de 1913, na pacata cidade de Miguel Alves, era filho de Raimundo Rodrigues dos Santos e D. Maria de Freitas Santos.
Desde cedo, em busca de novos horizontes, mudou-se para a cidade de Teresina, Capital do Estado, onde encetou seus estudos. Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina do Recife(1936), especializou-se em Psiquiatria, uma de suas grandes paixões.
De regresso a Teresina, montou consultório médico, assumiu o antigo Asilo de Alienados, fundou o Sanatório Meduna e o Hospital Psiquiátrico Areolino de Abreu. Ainda, lecionou no Liceu, trabalhou no Ministério da Saúde e integrou a Associação Piauiense de Medicina.
Homem de ciências, atualizado com as principais ideias de seu tempo, seguiu as lições do Dr. Philippe Pinel e quebrou as correntes em que até então eram presos os doentes mentais em Teresina e alhures. Inicialmente, foi tido, também, como louco. Quem era esse jovem doutor que ousava soltar os loucos agitados e tratá-los sem o uso da força, da intimidação?
Mas os tempos eram outros. Também o conhecimento científico. E o doutor Freitas Santos estava a par do que acontecia de novo pelo mundo. E tratou os seus doentes com terapia ocupacional: crochê, bordado, musicoterapia, pintura, etc. Em pouco tempo a sociedade viu os efeitos dos novos métodos. E como não poderia deixar de ser, o nome do doutor Clidenor foi às alturas. Jovem, elegante, inteligente, culto, passou a ser uma das pessoas mais notáveis da cidade.
Gozando, assim, de imensa popularidade foi inebriado pelo canto da sereia e empurrado para a política. Candidato a prefeito de Teresina, nas eleições de 1954, pelo PTB, obteve expressiva votação, embora não tenha conseguido vencer as forças dominantes do Estado, capitaneadas pelo Dr. Agenor Barbosa de Almeida, que venceu o pleito.
Todavia, esse revés não arrefeceu seu ânimo, ao contrário o incitando a novas pelejas. Homem de têmpera à espartana, nas eleições de 1958, lançou-se novamente na batalha eleitoral, desta feita para a Câmara Federal, pelas Oposições Coligadas(UDN-PTB). Eleito com grande votação foi brilhante em seu desempenho parlamentar: vice-lider de bancada, integrante de Frente Parlamentar Nacionalista e partícipe ativo do debate de ideias.
Infelizmente, desavindo-se com lideranças de seu partido, não conseguiu reeleger-se nas eleições de 1962.
Então Presidente do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado(IPASE), em 1964, foi vítima do Ato Institucional n.º 1, que cassou seus direitos políticos. Ainda tentaria retornar ao Parlamento nas eleições de 1986, sem sucesso, retirando-se, então, da seara política.
Escritor, intelectual irrequieto, admirador confesso e professo da obra de Miguel de Cervantes (Dom Quixote de La Mancha), Freitas Santos foi um importante militante cultural do Estado. Presidente de nosso Sodalício (1954 - 1959), realizou profícua gestão.

Portanto, nada mais justo do que esta homenagem que lhe prestou a Casa de Lucídio Freitas, por ocasião do centenário de seu nascimento. Depois de minuciosa pesquisa e organização do material, com ricos textos e raras fotografias, é lançada ao público a indicada obra, constituindo-se numa bela homenagem a um dos homens públicos mais valorosos do Piauí. Assim, cumpre a Academia um de seus objetivos, que é preservar a cultura e a memória de seus membros.

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