D E L T
A
Anchieta
Mendes
Amigos:
Cá estou,
no suntuoso Delta parnaibano,
Delta de
longa e penosa história de bravura,
Delta de
belezas que se espraiam por dunas e ilhotas,
Que
guardam segredos que vêm do rio e chegam ao mar
Delta de
águas mornas, morenas, remansosas,
Que
circulam por entre manguezais frondosos
Águas
benditas que correm pelo Piauí e Maranhão
Em mil
quilômetros do Parnaíba, o ”Velho Monge”
Águas que
fertilizam mais do que as do milenar Nilo,
Que
deixam, por onde passam o húmus da própria vida,
Águas que
entoam modinhas em noites enluaradas,
E fazem os
pescadores sentir uma saudade infinda.
Delta dos
índios expulsos e massacrados pelo desamor,
Os
Tremembés, nadadores destemidos e afoitos,
Índios
sepultados no leito das correntezas,
E que
viraram visagens e fantasmas de noites frias.
Delta
famoso, hoje mais ameaçado do que cobiçado,
A cobiça
da riqueza, da exploração e da renda,
Cedeu
lugar à destruição e à agressão penosa,
Feridas,
mágoas, lágrimas perdidas no seu seio.
Parnaíba,
tarde chuvosa de 18/Abril/2006
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