quarta-feira, 2 de abril de 2014

D E L T A


D E L T A

Anchieta Mendes

Amigos:

Cá estou, no suntuoso Delta parnaibano,
Delta de longa e penosa história de bravura,
Delta de belezas que se espraiam por dunas e ilhotas,
Que guardam segredos que vêm do rio e chegam ao mar

Delta de águas mornas, morenas, remansosas,
Que circulam por entre manguezais frondosos
Águas benditas que correm pelo Piauí e Maranhão
Em mil quilômetros do Parnaíba, o ”Velho Monge”

Águas que fertilizam mais do que as do milenar Nilo,
Que deixam, por onde passam o húmus da própria vida,
Águas que entoam modinhas em noites enluaradas,
E fazem os pescadores sentir uma saudade infinda.

Delta dos índios expulsos e massacrados pelo desamor,
Os Tremembés, nadadores destemidos e afoitos,
Índios sepultados no leito das correntezas,
E que viraram visagens e fantasmas de noites frias.

Delta famoso, hoje mais ameaçado do que cobiçado,
A cobiça da riqueza, da exploração e da renda,
Cedeu lugar à destruição e à agressão penosa,
Feridas, mágoas, lágrimas perdidas no seu seio.

       Parnaíba, tarde chuvosa de 18/Abril/2006   

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