sábado, 19 de julho de 2014

SERVIÇO PÚBLICO: UMA VIA DE MÃO ÚNICA


SERVIÇO PÚBLICO: UMA VIA DE MÃO ÚNICA

Jacob Fortes


Seria no mínimo desairoso de minha parte, para não falar em agravo, pretender explicar ao nobre leitor, e até mesmos aos brasileiros sem provisão de letras, o significado de mão única. Pois é. O serviço público brasileiro é uma via de sentido único: só vai, não vem. Isso ocorre de modo não manifesto; não há placa indicativa dessa subjacente constatação. Envie correspondência a dez empresas privadas e receberá dez respostas. Envie correspondências a dez entes públicos e, por obra da sorte, que bafeja a poucos, ou amerceamento divino, receberá uma resposta, no máximo duas. Essa apatia é da essência da cultura do serviço público: não vê, e se vê não admite, a importância de respostar às indagações ou pleitos dos contribuintes. Mas os cidadãos brasileiros, entregues à penitência de pagar imposto de alto preço, merecem que as suas correspondências sejam respostadas pelos entes públicos: municipal, estadual e federal, com certa rapidez.  Se para isso há que se ter o amparo da força irrefutável da lei que algum político, que não esteja ocupado em missões corruptivas, apresente esse projeto. Ainda há tempo de pôr fim ao cometimento dessa injustiça, que se caracteriza por manter o isolamento dos cidadãos; sujeitos, aliás, a muitos deveres. É preciso corrigir essa visão estrábica: em vez de manter os cidadãos afastados os entes públicos precisam interagir com eles.  Esses entes devem ser instados, ainda que por imperativo de lei, a por em prática a via de mão dupla. É uma imposição do justo; do conhecimento que se constrói através do diálogo.       

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