quarta-feira, 6 de agosto de 2014

...E MORREU MARIA PREÁ!


...E MORREU MARIA PREÁ!

Antonio Gallas

Comer “o pão que o diabo amassou”, “por as barbas de molho”, “santo do pau oco” ou ”casa de mãe Joana”, são muitas das expressões que costumamos dizer por este “brasilzão” a dentro.  São os ditados como assim dizemos.  Muitos deles tiveram sua origem na bíblia, como por exemplo, “o pão que o diabo amassou”. Outros com a chegada da coroa portuguesa ao Brasil, e a grande maioria (a maioria já não é grande???!!!) surgiu do anedotário popular, principalmente das regiões norte e nordeste.

É muito comum ouvirmos dizer “MORREU MARIA PRÉA” quando se tem um assunto encerrado, finalizado. Mas como surgiu essa expressão?

Conta-se que em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte, o sacerdote mantinha um caso amoroso com uma de suas beatas que por sinal era muito bonita como conta em versos o poeta potiguar Itanildo Medeiros:

“Bonita e muito formosa
Maria Preá era seu nome
Essa beata fogosa
Do padre tirava a fome
E sempre que ele podia
Com ela, ele se escondia
Pra poderem se agarrar”.

Um belo dia, prá desassossego do vigário o sacristãos flagrou em colóquios amorosos conforme narrativa ainda do poeta Itanildo Medeiros:

“Mas um dia o sacristão
Flagrou os dois num colchão
O padre e Maria Preá
E depois dessa orgia
O padre perdeu o sossego
Todo dia o sacristão
Alegava este chamego
Chantageava o vigário
Fazia ele de otário”.

A partir daí a vida do padre tornou-se um inferno. Com medo de que a notícia se espalhasse pela paróquia e pelas freguesias das redondezas, era obrigado a aceitar as chantagens do sacristão. Não sabia mais o que fazer. Até que no desespero pediu a Deus que mostrasse um caminho para que ele ficasse livre dessas chantagens e extorsões, pois até ao cofre da igreja o vigário já tinha recorrido algumas vezes. Mas como diz outro ditado brasileiro “Deus tarda, mas não falta”, embora eu ache que Deus chega na hora certa, aconteceu que um dia ao sair para uma desobriga em povoados da região, o padre esqueceu-se de levar importante documento que deveria ser entregue a um paroquiano. Do meio da viagem o padre retorna para pegar  tal documento e ao chegar na casa paroquial deparou-se com uma cena hilária e surpreendente, como  narra em  versos Itanildo Medeiros:

“O padre entrou apressado
Na casa paroquial
Viu o sacristão curvado
De decúbito dorsal
Nu da cintura pra baixo
Por traz dele um outro macho
Numa movimentação
Que o padre, vendo, notava
Que o rapaz 'encaicava'
As fezes do sacristão”.
Surpreso com o que acabara de presenciar e ao mesmo tempo sentindo-se aliviado:
 ”O padre gritou de lá
Sacristão se oriente
Pois, pra nós, daqui pra frente
Morreu Maria Preá"!

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