sexta-feira, 10 de abril de 2015

INCURSÃO PELO NORDESTE


INCURSÃO PELO NORDESTE

Jacob Fortes

Em incursão pelo Nordeste, março/2015, surpreenderam-me lugares que tencionava conhecer: o museu de Luis Gonzaga, Exu, PE; o museu de paleontologia, Santana do Cariri, CE, (aqui os fundamentos irrefragáveis de que o mar virou sertão); a cidade do Crato, CE, ainda com seus fortes traços aristocráticos; a cidade de Juazeiro do Norte, contígua a Crato, pujante comercialmente, demarcada, sobretudo, pela monumentalidade da escultura do lendário sacerdote Padre Cícero que, assentada sobre a montanha, é a representação viva da religiosidade palpitante do povo da região. Como a uma rocha imantada que atrai para si todos os seixos, faz convergir não apenas a gente da localidade, mas multidões egressas de paragens longínquas; o museu do escritor Padre Antônio Tomás, Acaraú, CE, (“Príncipe dos Poetas Cearenses”, o camões brasileiro desconhecido à história.); o açude de Orós, imponente, que dá realce à cidade do mesmo nome; o mirífico Açude do Cedro, Quixadá, CE, que avulta aos olhos, obra, de dimensões avantajadas, levada a efeito por ordem de D. Pedro II, concebida pela genialidade dos engenheiros Ernesto Antônio Lassance Cunha (brasileiro) e Jules Jean Revy (britânico).

De resto, só pessoalmente para, em manso cavaquear regado a cafezinho, discorrer sobre os complementos verbais e nominais: as manifestações culturais, as amenidades, os admiráveis mentirosos, néscios, (porém de estatura moral superior à dos políticos), a convivência fraternal entre a tecnologia, a prosperidade, e a miséria humana. Enfim, um misto de “Deus e o diabo na terra do sol” exibindo paisagens que se prestam a engravidar a mente humana de sentimentos múltiplos: ufanismo, vergonha, tristeza, e, principalmente, atestar, de modo irrecusável, a falácia de alguns egrégios patifes da política que, presos a modelos de opressão e dominação, cometem injustiças tão absurdas quanto as que pavimentaram o cangaço.

2 comentários:

  1. Belo texto. Conciso, arguto, e de adorável malícia. Sobretudo na parte final. Fico a imaginar o que se ouviria na hora do cafezinho.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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