quinta-feira, 18 de junho de 2015

MESTRE CHICO E A LITERATURA DO PIAUÍ

Mécia e Francisco Miguel de Moura

18 de junho   Diário Incontínuo

MESTRE CHICO E A LITERATURA DO PIAUÍ

Parte I

Elmar Carvalho

Na quinta-feira passada, à noite, fui ao Salipi, onde o poeta Francisco Miguel de Moura estaria autografando o seu livro Literatura do Piauí, 2ª edição, publicado pela editora da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Pensei que fosse lançamento solene, com palestras de apresentação e tudo mais, mas na verdade tratava-se tão-somente de venda e autógrafo da obra. Ao chegar, além do escritor e de sua esposa Mécia, encontrei o historiador, jurista e articulista João Borges Caminha, que foi meu professor na Universidade Federal do Piauí, na qual ele lecionava Direito Agrário.

É ele meu confrade na Academia Campomaiorense de Letras – ACALE. Foi chefe do Setor Jurídico do Banco do Brasil no Estado do Piauí. Seu filho Marco Aurélio Lustosa Caminha, procurador do Trabalho, foi meu colega no curso de Direito. Fui apresentado por Chico Miguel ao juiz do Trabalho Carlos Wagner Araújo Nery da Cruz, seu amigo e leitor contumaz e voraz, que adquiriu meu livro Confissões de um juiz, que se encontrava exposto no estande da EDUFPI. Tive a satisfação de lhe autografar o exemplar.

O lançamento de Literatura do Piauí será no próximo dia 20, sábado, às 10 horas, em solenidade conjunta da UFPI e da Academia Piauiense de Letras – APL, conforme convite que tenho em mãos, emitido pelo reitor José Arimatéia Dantas Lopes e pelo presidente Nelson Nery Costa. O evento acontecerá no auditório da APL. Serão, também, lançados na oportunidade os livros Estudos de História do Piauí, 2ª edição, de Odilon Nunes, e O sertão piauiense em pé de guerra, 1ª edição, de Laécio Barros Dias, ambos publicados pela APL e integrantes da Coleção Centenário.

Conheci Chico Miguel de Moura no final da década de 1970, quando ele esteve rapidamente no lançamento do livro Galopando, obra coletiva de que fazíamos parte Paulo Couto Machado, Rubervam Du Nascimento, Josemar Nerys, Paulo de Athayde Couto e este diarista. Os três primeiros residiam em Teresina, e os dois últimos, em Parnaíba. Na verdade, para ser mais exato, o Rubervam morava em Timon e trabalhava em nossa capital, na Delegacia do Trabalho. Era o início de uma amizade literária e integração entre autores parnaibanos e teresinenses. Creio ter sido ainda a estreia literária de alguns desses poetas, inclusive a minha.

O livro era uma brochura simples, mas bem cuidada, com miolo impresso em mimeógrafo, porém a capa era uma bela obra de arte, uma xilogravura feita com todo esmero pelo artista plástico Fernando Costa, tragicamente falecido nas cinzas de um triste carnaval, poucos anos depois. Cheguei a conhecê-lo em Parnaíba, em um evento cultural. Em sua memória, escrevi uma crônica elegíaca, em que lamentei a sua morte precoce, quando ele ainda estava por alcançar o auge de seu talento. Galopando trazia ilustrações de Fábio Torres, Zé Alfredo e Fernando Costa. Foi editado graças aos esforços de Nonata Nerys, irmã de Josemar, e Socorro Soares. 

Passando a residir em Teresina a partir de agosto de 1982, ao assumir o cargo de fiscal da SUNAB, tornei-me amigo de Chico Miguel e de seu irmão afetivo Hardi Filho, grande poeta recentemente falecido. Algumas vezes estive na casa deles, em momentos alegres ou comemorativos. Em 1986, o velho, franco e franciscano Chico iniciou a luta para reativar a União Brasileira de Escritores do Piauí, de cuja campanha fiz parte. Foi o seu primeiro presidente, nessa nova fase. Deu-lhe vida, através de publicações e eventos, e lhe deu existência legal, com razão social, CNPJ e demais aparato burocrático.


Fui seu sucessor, na gestão 1988/1990. Com a ajuda de meus companheiros de diretoria e o apoio decisivo do deputado Humberto Reis da Silveira, conseguimos que fosse insculpida em dispositivo da Constituição Estadual a obrigatoriedade do ensino de Literatura Piauiense, passando a nossa literatura a ser, portanto, disciplina obrigatória (art. 226). Por razões que desconheço, mas que não acho aceitáveis ou justificáveis, esse mandamento constitucional nunca foi efetivamente executado pelo Governo do Piauí.

(Continua na próxima semana.)

2 comentários:

  1. Excelente, meu caro amigo Elmar Carvalho. Melhor que esta só mesmo se for a continuação

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  2. Farei o possível para manter na 2a parte o nível da 1a, caro Chico Miguel , mas em literatura nem sempre as coisas são previsíveis.

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