domingo, 12 de julho de 2015

LÍRICA 2.222


LÍRICA 2.222

Elmar Carvalho

Eu vi teus olhos
de pedras verdes musgosas,
dissolvendo-se em líquido
no verde móvel do mar.
Teu corpo vi tomando
a forma da praia
e a tua voz assumindo
a cadência da música
das ondas.

De você me veio
uns longes veios de saudades
e maresias
invadindo meu ser.

Os teus cabelos
eram loiras algas,
encrespadas em ondas do mar.

As curvas
da terra e do mar
são apenas projeções
da poesia selvagem de teu corpo.

Sim, sinto ainda te amar
a leste, oeste, ao vento e ao mar,
com a mesma paixão incontida
de um gesto feito de raiva,
do tempo em que eu tinha
a inocência e o pecado
de um deus feito de pedra.  

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