quarta-feira, 8 de julho de 2015

MENINO OU MENINA? NÃO, SÓ CRIANÇA


MENINO OU MENINA? NÃO, SÓ CRIANÇA

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

             Quase meio-dia. A coordenação do programa Agora, da TV Meio Norte, telefonava-me, convidando-me para participar de debate, às 12.40. Topei, sabendo dos percalços do exíguo tempo de preparação e complexidade do tema, IDEOLOGIA DE GÊNERO. Naquele momento, a Câmara Municipal de Teresina, lotada e barulhenta, discutia o PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO. O público acendeu-se e dividiu-se quanto à designação de sexo e gênero das crianças. A televisão transmitia a sessão, com chamadas em tempo real. Nenhum dos debatedores, porém, compareceu ao programa Agora. E agora? Só eu e poltronas vazias. Montou-se uma entrevista improvisada comigo, nos jardins externos. O repórter, catando o que me perguntar, e eu, desengonçado, mas trêmulo. Bem-feito, não se tomam decisões levadas por emoções e interesses pessoais de classes e partidos. IDEOLOGIA DE GÊNERO é um desses movimentos apaixonados, que se assemelham a debates e decisões improvisadas.

Cincinato Leite, de Messejana, na grande Fortaleza, solicita-me uma crônica que trate da questão do gênero. Caro Cincinato, temas polêmicos, como esse, surgem num momento em que o país acompanha, assombrado e indignado, monumentais desvios financeiros de governos e empresas.

A discussão da IDEOLOGIA DE GÊNERO serve de porre homérico para desviar as atenções da sociedade para os graves crimes. Repetiram mesmo recurso, durante período de julgamento e condenação dos mensaleiros: montaram o teatro da COMISSÃO DA VERDADE: arrancaram ossadas do ex-presidente João Goulart, cassado pelo regime militar, além dos “heróis” comunistas executados naquela época, como desforra contra as decisões do Judiciário.

No senso comum, o termo ideologia contém o sentido doutrinário e visões de mundo por um indivíduo ou grupo, orientados para ações sociais, especialmente políticas. Serve de instrumento de dominação, persuasão e convencimento, alienando a consciência humana ao extremo.

 A ideologia mascara a realidade, cega a opinião pública, seja no campo político, como no território religioso exacerbado, já culminou em suicídio coletivo. Teorias naturalistas de Charles Darwin e Francis Galton, cujos estudos se baseavam na hereditariedade e seleção natural, despertaram virulento racismo, a partir da segunda metade do século XIX. Na época, Galton cunhou o termo EUGENIA, que desaguou no arianismo nazista, espalhando-se pela Europa e América. Escolas religiosas, inclusive em Teresina, criavam barreiras para matricular negros e caras pálidas. Nos anos 60, movimentos feministas resgataram valores das mulheres, porém causaram certos dissabores no universo do lar, como o divórcio.


Suécia e Holanda já adotam a IDEOLOGIA DE GÊNERO, isto é, crianças nascem sem sexo, portanto nada de denominá-las, em documentos, o gênero. Quando crescidas elas/eles decidirão a sexualidade. Movimentos gays batem palmas, avançam, quase na tentativa, não de exigir que lhes respeitem a opção sexual, mas que todos sejam como eles/elas. Papa Bento XVI bem expressou: “Com o ateísmo, A IDEOLOGIA DE GÊNERO é a última rebelião da criatura contra sua condição de criatura”. Final dos tempos?      

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