Pela fé, o ódio, morte e depredação
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Expressivo grupo de pessoas do Bairro
de Fátima parte em peregrinação a Israel. Participei duas vezes da jornada, e,
se o dólar não tripudiasse sobre o real, iria mais vezes. Israel me encanta
pela fartura de memória bíblica. Uma reflexão, porém, me conduz a outros parâmetros de culturas
religiosas, cuja fé resvala para o ódio, destruição, morte e segregação.
O solo por
onde Jesus caminhava não é mais o mesmo. Fica a metros de profundida, escavado
por arqueólogos e historiadores. O solo atual encontra-se compactado de
material que restou das ruínas, ambições, guerras e paixões religiosas. A gruta
de Belém encontra-se em subsolo.
Depois de 40
anos pelo deserto, libertados da escravidão dos egípcios, os israelitas
(hebreus) destruíram cidades pagãs e se apossaram da Terra Prometida (Israel).
Mais espetacular a destruição e morte de
Jericó, 15 séculos antes de Cristo (Josué, cap. 5 e 6). Muralhas e
residências foram abaixo.
O ímpeto dos exércitos romanos, ano 70, não deixou “pedra
sobre pedra” do templo de Jerusalém, conforme predissera Jesus. A Cidade Santa
e todas as outras, transformaram-se em monturos e destroços. Judeus perderam a
posse da terra, obrigando-se à diáspora, mundo afora, perseguidos, inclusive
pela Igreja, durante centenas de anos. No longo tempo da diáspora, árabes
tomaram posse da Terra Santa. Somente em 1948, judeus recuperaram o país, pela
ONU, e aceleraram o sionismo. Permanece o conflito entre palestinos, de cultura
muçulmana (Alá) e judeus (Javé).
No ano cristão
135, o imperador romano, Adriano, mandou reconstruir o templo e a cidade de
Jerusalém. Imperador Constantino, a pedido de sua mãe Helena, recuperou lugares
sagrados da vida de Cristo, construindo igrejas e monumentos. O império romano
martirizou, em todas as colônias, milhares de cristãos, por não se subordinarem
ao paganismo dos imperadores. Muçulmanos ocuparam a Palestina, botando por
terra monumentos cristãos, impondo culto a Alá, estendendo-se pelo norte da
África e Península Ibérica. O conceito de Jihad, luta pela expansão da cultura
e fé, induz, até hoje, fanáticos a barbaridades. em nome de Alá. Mosteiros de
freiras eram invadidos e destruídos.
No início do segundo
milênio, cruzadas cristãs, comandadas por papas e reis, invadiram a Palestina,
massacraram muçulmanos e destruíram monumentos. Venceu Alá.
No período renascentista, pipocaram conflitos e massacres
entre protestantes e católicos. Famosa a Noite de São Bartolomeu, na França,
onde milhares de católicos e protestantes se mataram, por questões religiosas e
políticas. A Inquisição transformou-se na maior vergonha da Igreja, inclusive
de algumas seitas protestantes. As codenações envolviam fogueira, chibatadas e
degolas.
Em nome da fé e do batismo, nobres cristãos sequestravam
negros africanos, acorrentavam-nos e os expunham em leilões e escravidão, nas
américas. Astecas, Maias e Incas sacrificavam crianças, extraíam o coração
latejando nos altares das divindades. Os espanhóis dizimaram essas nações, em
nome do domínio territorial e da fé cristã.
Nada de pensar em apocalipse do mundo atual, observando a
violência urbana e as barbaridades de grupos muçulmanos. Todos somos produtos
da cultura e destruição, inclusive do planeta. Uma peregrinação a Israel até
que faz bem a gente refletir sobre nosso destino. Jesus ensina o amor.
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