sábado, 31 de outubro de 2015

Comentário à crônica Coração Partido


Comentário à crônica Coração Partido

Estimado amigo Elmar Carvalho:

Li há pouco sua crônica "Coração partido, plena de alusões pertinentes a autores exponenciais da literatura universal, com Pessoa, Wilde, Shelley...

Vejo que o amigo anda mais ainda afiado na composição de suas crônicas, anotações, lembranças, casos, histórias, enfim, tudo desaguando limpidamente em linguagem cada vez mais bem trabalhada."

O que é mais curioso, à medida que está mais experiente, a meu ver, está também adquirindo aquele domínio tão sonhado pelos escritores, que é o de escrever com mais fluência, com maior capacidade de "domar" a linguagem. Isso, para mim, é amadurecimento da função da escrita de um prosador ou poeta, ou cronista, ou ensaísta, enfim, em qualquer gênero onde possa projetar o talento.

Isso é bom para V. e para a literatura que faz e regozijo dos seus leitores.

Li seu discurso de recepção ao novo membro da APL, o amigo comum Dílson Lages.

Com estilos diferentes, tanto na poesia de ambos quanto na visão da vida, saí da leitura do seu discurso imaginando o encontro de dois poetas que, no íntimo do labor do mais sublime dos gêneros literários - a poesia - talvez se sintam mais à vontade de falar de poesia, ainda que em ocasião solene de discurso acadêmico, no qual a tônica é exaltar, sem exageros, o valor da obra do empossado e do panegírico dos ocupantes anteriores da mesma cadeira. Foi o que V. fez, e o fez de maneira ajustada ao momento de necessário brilho.

Após a leitura e a audição no site do Dílson, fiz, no espaço reservado da página de destaque, um breve comentário que, até agora, não foi liberado, a menos que eu tenha cometido alguma imperícia técnica no manuseio digital.

Porém, aquele comentário foi feito sob o impulso de emoção da leitura, quer dizer, foi escrito com a naturalidade com a qual desejava externar a minha alegria da peça oratória. E me recordo de que muitas vezes, por falha minha no manuseio do computador, se perderam várias observações que já expendi a textos seus e de outros autores piauienses.

Espero, por conseguinte, que o comentário seja liberado a fim de que lhe chegue ao conhecimento.

Algo bom está acontecendo com a literatura que produz em prosa: em considerável quantidade de textos que V. tem postado no seu blog.

Sinto que há uma vontade febril de criar textos, de dedicar grande parte de sua vida atual à literatura. Vejo isso com muita prazer.

Acredito que seja essa fase sua a da concentração na prosa.

V. é um intelectual que sabe respeitar a si mesmo na condição de artista, assim como sabe ser um escritor cavalheiro em convívio harmonioso com seus pares, neles encontrando o que seja mais específico e mais grandioso, sem os sentimentos subalternos da inveja e daquilo que chamaria traição literária.Esta enfermidade a encontramos em alguns escritores, no passado e no presente, em qualquer parte, seja no estados mais pobres, seja nas metrópoles. Penso que longe disso se posiciona a sua decência e compostura de autor.

O que mais deploro na vida literária é aquela traição acima referida, e amiúde praticada até por bons escritores.Para mim, atitude dessa natureza só diminui o valor de um escritor, de um artista,em qualquer plano da Arte.

Sonegar reconhecimento de outrem, o qual lavra o mesmo terreno, o literário, tem característica de perfídia, de papel de capadócio, de apagamento de valores por meios de ações ilícitas no campo da literatura.

Quem pratica tais baixezas d'alma jamais será um escritor genuíno, uma verdadeira vocação de escritor. E o tempo, só o tempo, cuidará de silenciá-los devidamente.

Um forte abraço do


Cunha e Silva Filho

2 comentários:

  1. Conterrâneo Cunha Silva Fiho, faço minhas as suas palavras tão bem escritas em relação ao amadurecimento do Escritor Elmar Carvalho. A importância por ele dada ao tema: Síndrome do Coração Partido(Doença de Tokatsubo).
    Além de alertar aos estressados e à população como um todo, da existência da Síndrome.
    Um abraço Itamar

    ResponderExcluir
  2. Prezado Itamar, meu caro ilustre médico e conterrâneo

    Muito lhe agradeço pelas palavras de compartilhamento de ideias com que me dirigiu acerca de um comentário meu da crônica de Elmar, "Coração partido."
    Um grande abraço do

    Cunha

    ResponderExcluir