sexta-feira, 6 de maio de 2016

A química das paixões, do amor e da razão


A química das paixões, do amor e da razão

José Maria Vasconcelos 
Cronista, josemaria001@hotmail.com
     
Quando as emoções e atitudes ultrapassam as fronteiras da razão, podem revelar paixão patológica. A palavra PAIXÃO origina-se do latim, PASSUS, PASSIONIS, sentimento forte a uma pessoa, objeto, religião, filosofia, partido, esporte. PAIXÃO lembra, outrossim, termo grego PATOS, excitação descontrolada, idealismo exacerbado. Nada tem a ver com AMOR, que surge de atitudes sadias e virtudes.

Os meios de comunicação e redes sociais vêm exibindo, diariamente, cenas grotescas do absurdo emocional e moral. Um parlamentar cospe no rosto de companheiro, em plena sessão da Câmara, em Brasília. Outro desafia o adversário que o chamara de mentiroso, também na Câmara, a resolver o caso “lá fora”. Uma bela moça levanta a saia, acocora-se, em via pública, urina e defeca sobre a foto de parlamentar da oposição. Empresário assassina a namorada, no apartamento, esconde o corpo no bagageiro de luxuosa mercedes. Mais de quarenta mil homicídios em 2015, no Brasil, alguns por fúteis motivos. O noticiário se transformou em assombrosas descargas emocionais, irracionais, sangrentas.

A cultura do “olho por olho, dente por dente” é tão ancestral quanto a necessidades de comer, dominar território, multiplicar a espécie, defender o corpo e a honra. Encontra-se em passagens sangrentas da Bíblia e do Alcorão, no paganismo romano, nos ritos religiosos dos ameríndios primitivos, no hino nacional de países, inclusive do Brasil.

Nem Jesus Cristo, pregando o maior paradigma de amor de todos os tempos, conseguiu transformar consciências, dentro de sua própria Igreja, apesar dos excelentes avanços da educação cristã, especialmente nos últimos séculos.

As definições de amor se multiplicam, de acordo com princípios filosóficos  e religiosos adotados e interpretados. Parece-me que o mais acertado encontra-se no segundo mandamento divino: “Amarás teu próximo como a ti mesmo”, traduzido na tradição popular: “Não faças a outrem o que não queres que te façam”. Você gostaria de receber uma cusparada na cara, embora merecendo? De tratamento ofensivo em público? Uma bala no coração por avançar em cônjuge alheio, ou furtar nas caladas da noite? Não vale mais o princípio da tolerância, acompanhada de punição à luz da legalidade?

A história humana mostra: quem condena a violência, praticando violência, aprova o exercício da violência. Escarrar, desafiar adversário para luta corporal - por essas e outras irracionalidades -  só refletem a falta de educação dos sentidos, e, principalmente, das faculdades mentais. A razão das causas e efeitos da nossas atitudes.


A educação atual exalta, demasiadamente, o vigor físico e atlético como fórmula mágica de saúde. Falta, porém, destacar a educação das faculdades mentais, especialmente a razão. Aquela que analisa causas e efeitos da nossa conduta, seja nas relações sociais, amorosas e sexuais. A irracionalidade deve ser banida das estúpidas e vergonhosas reações na família, nas assembleias, nos estádios, no trânsito, na alcova. Enfim, viver com amor no amor, na misericórdia, perdão e tolerância com a desigualdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário