AMOR
NUNCA É DEMAIS
Antônio Francisco Sousa
Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Acreditava que tinha apreço pelo segundo domingo de maio,
simplesmente, porque ele homenageia o mais importante de todos os indivíduos
que habitam a Terra. Isso me parecia bastante ou suficiente para vê-lo como
efeméride, verdadeiramente, inigualável.
Sempre gostei do dia das mães. Se existe um ser humano que
mereça uma data especial e diferenciada, essa figura é a mãe. Que me desculpem
os pais, os tios, os primos e tantas outras pessoas que, certamente, também
possuem datas exclusivas para comemorarem. Parabéns!
Fato é que, no curso da caminhada, eu, que dispensava a
pouquíssimas pessoas quase a mesma proporção de um sentimento que julgava haver
chegado ao seu limite e que, por conseguinte, tanto tempo mais tivesse ou
vivesse, não conseguiria produzi-lo em maior quantidade - como era e é o amor
materno dedicado à minha legítima mãe e à minha venerável bisavó - percebi que
não há necessidade de buscar uma superação na grandeza ou qualidade de amor em
relação ao que se tem pela mãe: a vida é uma sequência de ciclos; outras
pessoas surgem no nosso caminho existencial e nos fazem ver que, sem diminuir o
dado àquela, os novos agregados vão recebendo, segundo méritos próprios, seu
quinhão. Ou seja, estou convicto disto: quanto mais se tem a quem dedicar amor,
mais ele cresce e se multiplica; se, reciprocamente, também somos amados, então
há sobra desse sentimento, e, nesse caso, somos convidados a redistribuí-lo
entre outros companheiros de jornada para que se reproduza cada vez mais
abundantemente.
Coincidentemente, no
período em que julgava estar a quantidade de amor a mim disponibilizado pelo
Criador próxima de sua exaustão, surgiram pessoas na minha vida candidatando-se
a serem novos receptores dele: esposa, filhos, sogros; isso me alertou para o
fato de que, talvez, ainda faltasse muita gente a quem poderia entregar,
compulsoriamente, mas não por obrigação, por não ter como me opor a isso,
porção semelhante ou até maior do amor que plantara antes.
Por muito
tempo pensei que todos os dias das mães seriam iguais: lindos, sonoros,
plenamente felizes e repletos de bons fluidos; hoje sei que, na verdade, o que
fiz foi imiscuir querer com desejar. Os sábios estavam certos quando afirmaram
que querer nem sempre é poder. Ah se assim fosse! Mas ninguém consegue concatenar
nem compatibilizar desejos com pensamentos e certezas. Não é incomum alguém que
surge na estrada de nossas vidas lá pelas tantas do percurso, ungido de
sabedoria, beleza e humildade, de repente, não poder mais, como talvez
desejasse, manifestar seu agradecimento àqueles que viram nele virtudes que o
fizeram merecedor de destaque nos melhores e mais felizes momentos vivenciados.
A ausência física ou moral de pessoas de esse quilate, infelizmente, pode se
constituir em motivo ou razão para que eventos festivos ou comemorativos
especiais, no mais das vezes, resultem em grande tristeza. Fazer o quê?
Resignar-se.
Ora, se a
vida assim quer que seja; se o Criador chega à conclusão de que é preciso uma
mãe ser obstada ou limitada em suas vontades e anseios materiais para que seu
amor e fortaleza moral unam, aconcheguem, aproximem ou reconciliem todos que a
viram sofrer em seus piores momentos, que devemos fazer senão ficar felizes
pela decisão divina?
O Todo
Poderoso sabe que amor nunca é demais; nós, falíveis filhos, vamos ter que
provar isso, tentando amar o mais que pudermos aqueles que durante a vida nos
amam mais que a si mesmos. O dia das mães é uma boa data para começarmos a dar
mostra do que somos capazes.
Feliz oito
de maio do ano bissexto dois mil e dezesseis - dia das Mães – para todas vocês.
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