segunda-feira, 20 de junho de 2016

NOSSO FUTURO NO FUTEBOL PODERÁ SER UMA VOLTA AO PASSADO


NOSSO FUTURO NO FUTEBOL PODERÁ SER UMA VOLTA AO PASSADO

Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal 
afcsousa01@hotmail.com

                -Treinador, o senhor fez uma alteração equivocada, tirando um dos raríssimos jogadores que chutaram em gol no primeiro tempo; mas havia chance de consertar o erro, já que ainda dispunha de duas substituições possíveis de serem feitas, por que não as fez? Pergunta de jornalista a Dunga em entrevista coletiva depois de Brasil versus Peru. E ele, gaguejando: - porque, ora..., ora..., veja bem, o time naquele momento estava encaixado... E errou de novo, dessa feita, também, na utilização do predicativo: em vez de “encaixado” deveria dizer “encaixotado”, pronto para ser despachado, mandado ao lixão de Massachusetts – se é que lá existe isso. É muita desfaçatez, incompetência, arrogância e ignorância, juntas.

                Um amigo disse que Dunga foi um grande jogador. Como não entendi ser brincadeira, que ele não queria referir-se ao biótipo avantajado do sujeito, mas à sua técnica, discordei; também o fiz em relação ao que, a seguir, acrescentaria: que, na seleção campeã pela quarta vez em mil, novecentos e noventa e quatro, ele, o volante ogro, e Romário - não citou o humilde jogador Bebeto, um dos melhores coadjuvantes de todos os tempos - é que deram o tetracampeonato ao Brasil. Por estar com pouca paciência e sem vontade de discutir, disse ao velho chapa, peremptoriamente: companheiro, a copa do mundo de mil, novecentos e noventa e quatro, não tenho nenhuma dúvida em afirmar, foi uma das mais pobres, tecnicamente, dentre todas as já realizadas: nunca tantos canelas de pau compuseram suas respectivas seleções nacionais.

                O Brasil em termo de seleção de futebol principal, nos últimos dois anos, conseguiu feitos memoráveis, inesquecíveis, verdadeiras quebras de paradigmas: levamos a maior goleada da história do esporte bretão, desde que começou a ser disputado por seleções nacionais, e a pior já sofrida por um campeão mundial: o doloridíssimo sete a um diante do escrete alemão; após trinta e um anos fomos derrotados pelos peruanos e, não bastasse isso, quase trinta anos depois, saímos de uma copa américa pela segunda vez  na primeira fase do torneio, com a pior participação dos últimos noventa e três anos.

                Que mais nos falta acontecer? Mantido o entourage administrativo da confederação brasileira de futebol e, consequentemente, a filosofia que a norteia quanto à escolha da comissão técnica das seleções principal e olímpica, muito provavelmente, duas desgraças, uma inédita, a outra não: ficarmos, pela primeira vez, fora de uma copa do mundo, a de dois mil e dezoito e, novamente, deixarmos de ganhar medalha de ouro no futebol olímpico. Os dois fatos podem se realizar sem surpresa: estamos fora da zona de classificação nas eliminatórias sul-americanas de futebol, enquanto nossa seleção olímpica, muito bem arrumada por treinadores que antecederam Dunga, corre o risco de esfacelar-se ou ficar desfigurada até a abertura do torneio, caso seu novo treinador decida fazer experiências.

                O tempo corre célere, mas mesmo assim, seria bastante arriscado continuarmos com Dunga; ele já provou que é egoísta, turrão e míope como poucos. Ruim sem ele, muito pior com ele. Vamos para mais um drama olímpico, mas quem sabe não nos salvemos nas eliminatórias, com outro treinador, principalmente se a ele for dada a liberdade de fazer as convocações que julgar convenientes; levando à seleção quem, de fato, envergue a amarelinha considerando-a sua segunda pele; sem qualquer interferência comercial, corporativa ou burocrática; craques temos de sobra, ou o mundo não se interessaria por nossos jogadores. Se, mesmo assim, não der certo, talvez seja chegada a hora de voltarmos ao passado. Pode ser que para salvarmos nosso futuro, precisemos praticar futebol como fazíamos entre mil novecentos e cinquenta e oito e mil, novecentos e setenta, período em que servimos de referência técnica e estética futebolística, virtudes que perdemos desde quando passamos a tentar imitar, sem sucesso, o acadêmico, pragmático e parametrizado futebol de resultados.             

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