segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Lançamento do livro Sentimento Oceânico


O poeta Marcos FreitasEditora Catrumano (São Paulo, SP) e a Livraria Entrelivros têm o prazer de convidar-lhe para o lançamento do livro “Sentimento Oceânico”, nova coletânea de poemas, no dia 17 de janeiro (terça-feira) de 2017, às 19:30 hs, em Teresina – PI.

Programação:

Sessão de Autógrafos.
Leitura de poemas do livro “Sentimento Oceânico”, prefaciado por Anderson Braga Horta, apresentação de Edmar Oliveira e orelha por Jorge Amâncio.


Serviço:

LIVRARIA ENTRELIVROS
Av. Dom Severino, Av. Dom Severino, 1045 - Fátima,
Teresina - PI, 64049-375
Horário: 19:30 hs.

Livro:
Sentimento Oceânico
Ed. Catrumano, São Paulo, 124p, 2015.
ISBN: 978-85-64471-45-0   


APRESENTAÇÃO

Marcos Freitas é um poeta profícuo e, cumprindo a sina dos seus antepassados, nele a intimidade com as letras procura a composição estética sem qualquer esforço. Engenheiro de formação, com pós-graduação na Alemanha, também tira do estranho idioma, que teve de aprender, a tradução em versos de sua obra. Especializado em Recursos Hídricos, faz dos seus afazeres a poesia de um meio ambiente que, mesmo quando maltratado, grita num poema a percepção técnica.

Neste trabalho, que tenho a honra de apresentar, os cantos de jurema nas quenturas do bê-erre-ó-bró são percebidos nas verdesveredas de sua cidade como um Sentimento Oceânico, como se a galáxia fosse tomada por lembranças da sua aldeia.

O livro é dividido em quatro seguimentos. SULEANDO-SE PELAS VERDESVEREDAS traz as lembranças infantis, que foram buscadas nas Dobras Espaciais de Alcubierre, soluções do Tubo de Krasnikov, para entrar no encantamento de uma floresta tupi, substituída por uma concreta plantação de eucaliptos. Pois vejam só, o nosso poeta usa os conhecimentos das ciências exatas para explorar os recônditos de suas memórias sentimentais, onde a máquina Singer da mãe serve de instrumento musical: “dedilha, bem sei mãe, na nova harpa sutis sons de galáxia, estalos eternos de amor”. E também usa o Diário de Pigafetta, documentário da viagem marítima de Magalhães em volta da terra, para sair do sertão da cacimba barrenta e voltar ao cerrado do Planalto Central, não sem antes fazer um inventário das (S)obras do Piauí. Estamos apenas começando uma viagem espacial para dentro do sentimento.

Em ELEGIA ARANI, segunda parte do livro, pode ser num mau tempo e/ou numa cidade da Bolívia. Com os mesmos ares. Porque La Chascona de Neruda, em Santiago, há de ter paciência com o sol. “Ser poeta é estar sempre disposto a se lançar, sem paraquedas, no abismo profundo de sua alma, quando o poema lhe bate à porta”. A árvore da vida, os planos de Brasília (Unheimlich), as realidades não-locais podem ser achados na filosofia de Ernst Bloch? Foi muito pouco traduzido o alemão entre nós, mas é dos sonhos de sua arte que o poeta nos chama atenção, cantando a Laura Moura de Mário de Andrade ressoando em H. Dobal. Pronto, de volta a casa: na sua procura universal retorna a aldeia conquistada por Mandu Ladino: “o canto airoso daquela hora / é canto ladino / é elegia arani”. O nosso herói indígena nos braços da cabocla Jurema. A praça Tahrir é a nossa Pedro II. Pra lá de Dortmund, na Alemanha, a nossa Estação ferroviária, onde um metrô não nos leva a lugar nenhum.

A negra massapê, o amarelo-tauá e o branco caulim são as cores das areias em que caminha a AVIVENTAÇÃO DE RUMOS do terceiro movimento poético. Mesmo contemplando o Morro da Baleia no Goiás, a saudade de sua terra fala mais alto. O nosso anti-herói, o Cabeça de Cuia de nossos rios, sonha em ser descoberto por um olheiro de futebol. As andorinhas da Frei Serafim fugiram todas. Talvez ecoem no Morro do Roncador em Pedro II. Mas as palavras poéticas, ah, essas “palavras / como que formigas enfileiradas / as palavras como águias esfomeadas / flanando – quase sem peso – / no ar”. Aviventam os rumos.

Por último, nas MINUDÊNCIAS recolhe os fragmentos do território do Matopiba. É nesse pedaço de território, do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que a monocultura assassinou os pés de paus das frutas de nossa infância. E o Matopiba parece ameaçar toda a caatinga e cerrado, encerrando os doces frutos do buriti, do pequi, do bacopari. As lembranças são feitas de um gosto no território dos sentimentos. Para fazer-se mais luz, danificam-se os recursos hídricos. Se na sua profissão, Marcos luta desesperadamente contra o inevitável do progresso que nosmatará, o poeta ainda pode gritar no seu movimento político sentimental:

a tarde carregada / de chuva abriu-se / inesperada em sol”.

Edmar Oliveira, Rio de Janeiro, 2015.

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