quarta-feira, 7 de junho de 2017

AS MAIORES TRAIÇÕES DA HISTÓRIA

Fonte: Google

AS MAIORES TRAIÇÕES DA HISTÓRIA

Valério Chaves Pinto – Des. inativo do TJPI

A história da existência do homem, desde tempos remotos, está recheada de exemplos de pessoas que apesar de aparentemente confiáveis, se tornaram capazes de trair e prejudicar os melhores amigos, um partido, uma ideologia  e a pátria como forma de obter privilégios ou informações sobre um fato tido como criminoso.

No curso da história do mundo muitas batalhas e guerras foram vencidas não só pela coragem de seus líderes, mas por influência de espiões e traidores épicos que passaram para a história.

Nestes tempos de crises em que muito se discute os valores sociais à luz da ética e da moral relacionados à prática de crimes de corrupção descobertos através da chamada delação premiada, instituída por vários diplomas legais existentes no ordenamento jurídico brasileiro, impossível não citar exemplos de grandes traições que causaram consequências desastrosas para a história da humanidade à custa de recompensas aparentemente desprezíveis.

Mas nem sempre a traição de falsos amigos deu bons resultados.

Alguns episódios tiveram desfecho trágico e entraram para a história tamanha a traição de seus protagonistas, como foi o caso de Judas Escariotes que, mesmo sendo um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, virou sinônimo de traição depois que beijou e entregou o Filho de Deus aos soldados romanos, recebendo como recompensa 30 moedas de prata.

Outro relato contido no Evangelho do Novo Testamento diz respeito a negação de Pedro perante o Senhor. Confirmando a profecia feita durante a Última Ceia, o apóstolo Pedro querendo se livrar da imaginada agressão dos guardas, por três vezes negou sua associação com Jesus (João, 18:17).  “Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás” (Mateus, 26:33-35).

Por esses relatos bíblicos, ver-se que dois apóstolos de Cristo, apesar de terem tido destinos diferentes, cometeram o mesmo erro contra a mesma pessoa (Cristo).  Pedro, que traiu por medo, tornou-se um dos principais líderes da Igreja Primitiva. Judas, que traiu por ambição, foi capaz de suicidar-se por arrependimento.

Quarenta e quatro anos antes da era cristã, o aristocrático romano Marcus Junius Brutus participou do mais conhecido atentado político da Antiguidade. Na ganância de governar a República Romana, colocou em prática um plano para matar Julio César, tornando-se assim no mais famoso traidor da história. Uma conspiração integrada por ele e mais 60 senadores do Império Romano, culminou no assassinato do então ditador e imperador Caio Julio César, golpeado pelas costas com 23 facadas.

Na época do Brasil Colônia, século XVII, Domingos Fernandes Calabar, por ambição de alguma recompensa ou melhorar de fortuna, traiu os colonizadores portugueses ao compactuasse-se com invasores holandeses na conquista de terras no Nordeste brasileiro, tornando-se um dos primeiros traidores da história do país. Depois de preso como desertou covarde, foi punido com a morte.

Em 1792, o coronel Joaquim Silvério dos Reis, movido por ganância, rompeu compromisso de lealdade aos companheiros inconfidentes, e mediante promessa de nomeações de parentes, uma pensão vitalícia do governo português e perdão de suas vultosas dívidas com a Coroa, delatou todos os planos da Inconfidência Mineira, levando o mártir Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, à forca e ao esquartejamento.

No Livro Quinto das Ordenações Filipinas, promulgadas no começo do século XVII incentivando a traição nos crimes de lesa-majestade, encontra-se a verdadeira origem da traição (modernamente chamada de delação premiada), que previa não só o mero perdão, mas também um prêmio ao indivíduo que apontasse o culpado (Títulos VI e CXVI).

Na sua obra imortal “Dei delitti e delle pene”, publicada no século XVIII, Cesare Beccaria, no capítulo destinado ao estudo das “Acusações  Secretas”, expõe sua opinião contrária aos Tribunais que ofertam impunidade a delatores e traidores cúmplices no processo de um grave delito.

Na peça “Otelo”, o Mouro de Veneza, de William Shakespeare, (que sempre explorava a traição em suas peças) Desdêmona, esposa de Otelo, perdeu a vida por causa da traição de Iago. Este, sentindo-se injustiçado pelo seu comandante com a nomeação de outro para o posto de tenente, decide se vingar. Então, disse para o general Otelo que sua mulher Desdêmona o traiu. Dominado pelo ciúme, o general mata a esposa. Após saber que tudo não passava de uma mentira de seu alferes Iago, suicida-se.

Nota-se, por fim, que a traição, o medo e a ambição, independentemente do tempo ou posição social de seus protagonistas, fazem parte das virtudes e imperfeições humanas como forças incontidas e inevitáveis que nunca compensarão os prejuízos causados à alma traidora.     

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