segunda-feira, 31 de julho de 2017

AS BIBLIOTECAS E A INTERNET

Fonte: Google
          
AS BIBLIOTECAS E A INTERNET

Valério Chaves
Desembargador e escritor 
  
         Para os amantes da literatura, as bibliotecas representam verdadeiras fontes de cultivo da arte e do conhecimento, apesar de que na era digital dos dias atuais, elas não despertem mais tanto interesse dos estudiosos e pesquisadores para leitura de livros, principalmente depois que a internet entrou em cena possibilitando o acesso e o contato com obras de diversos gêneros literários e informações sobre o que acontece no mundo, gratuitamente e em tempo real.
         Os historiadores acreditam que o homem moderno haverá de chegar um tempo em que não existirá mais leitura de livros impressos, e que todo o conhecimento chegará através dos computadores, ou outros mecanismos de armazenamento de dados eletrônicos.
         Dessa espécie de hipertexto faz surgir um questionamento que não quer calar: o acesso ao conhecimento com a leitura dos acervos das bibliotecas vai deixar de existir? O livro escrito está ameaçado? Calma. Porque a história das comunicações já provou que a televisão, até hoje, não conseguiu substituir o rádio. Por isso, uma nova maneira de escrever haverá de aparecer para ler livros e interagir com as bibliotecas.
         Com efeito, como sempre aconteceu com os livros  e os homens  ao longo da História da humanidade, as bibliotecas têm sido alvo do contraditório e de perseguição, sendo poucas vezes reconhecidas pelos seus contemporâneos.
         Na Idade Média, por exemplo, as bibliotecas quase foram extintas, vítimas da censura da Igreja Católica, com seus Autos de Fé no tempo da Inquisição, com o objetivo de impedir a divulgação das ideias contrárias aos seus cânones, paradoxalmente, salvas em abrigos dos mosteiros, conforme registra o escritor Humberto Eco no seu aplaudido romance “O nome da Rosa”.
         Outro exemplo, foi a destruição da Biblioteca de Alexandria, no Egito, – uma das mais famosas do mundo antigo - que sobreviveu a muitos saques e incêndios ordenados pelo imperador e intelectual Caio Júlio César. Na época, era uma espécie de nascedouro das ciências ou comunidade de eruditos explorando a literatura, a história, a filosofia, a geografia, a medicina, a engenharia e a astronomia, status que a civilização greco-romana deu continuidade, apesar de haver esquecido o seu espírito especulativo.
         Só muito tempo depois, no século XVII, quando a comunicação científica se dava apenas por meio da troca de correspondência entre pesquisadores e de publicação de panfletos e livros, surgiu a Academia Francesa de Letras por iniciativa do Cardeal Richelieu – tornando-se assim uma referência e modelo das nossas atuais Academias de Letras que, diga-se de passagem, são somatórios de cada um desses instantes da História recolhidos pelos cultivadores da sensibilidade humana.
         Ainda no final deste mesmo século, influenciada pelos parâmetros franceses, foi criada a Academia Brasileira de Letras, reunindo intelectuais com interesses comuns e ponto de referência da inteligência nacional, apesar dos distúrbios e instabilidades provocados pela liquidez do novo regime republicano, instalado antes de sua criação, em 1896.
         Neste contexto, vale a pena destacar que o Piauí não deixou de dar sua contribuição ao espaço de vanguarda e liderança que marcou a vida da ABL “iniciada por moço e completada por moços” como afirmou o seu primeiro presidente Machado de Assis, durante sua posse. Nomes de piauienses como o poeta Félix Pacheco, tiveram influência dos mestres daquele cenário renovador, notadamente pela coerência e convicção de suas ideias cantadas em prosa e versos desde Da Costa e Silva, que eternizou o Parnaíba no verso do “Velho Monge de Barbas Brancas Alongadas”.
         Embora, não tenham nascido em solo mafrense, outros três imortais vivenciaram o Piauí na ABL, como Humberto de Campos, Odylo Costa, filho e Alberto da Costa e Silva, que não deixaram sair da sagrada existência da imortalidade aquele sentimento expressado por Odylo Costa, filho, que ao escrever “A Faca e o Rio” disse ser maranhense, mas ter um lado do coração no Piauí.

         Teresina/ julho/2017   

Um comentário:

  1. Elmar, boa noite, o nome do livro: Moisés, Massaud. A Criação Literária, poesia e prosa.Ed. rev. e atual. São Paulo: Cutrix.2012.
    comprei no Ponto Frio: 2x25,95=R$ 51,90+R$3,62= R$ 55,52

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