quinta-feira, 14 de junho de 2018

Marcos Antônio de Macedo

Fonte: Google


Marcos Antônio de Macedo

Reginaldo Miranda *

A antiga freguesia de N. Sra. das Mercês, hoje cidade de Jaicós, naquele tempo pertencente ao termo de Oeiras, é o berço de Marcos Antônio de Macedo, notável magistrado, político e escritor brasileiro. Ele nasceu em 18 de junho de 1808, filho de Antônio de Macedo Pimentel e de sua esposa, ao que se diz uma indígena.

Desde cedo, porém, mudou para a vizinha fazenda da Boa Esperança, sendo criado como filho pelo padre Marcos de Araújo Costa, afamado pároco e educador nordestino, que o educou e muito bem o encaminhou na vida profissional. Mais tarde, segue para Pernambuco, e depois de frequentar o curso jurídico, recebeu o grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Olinda.

Depois de formado, fixa residência no Ceará, onde inicia carreira na magistratura, como juiz municipal e de órfãos. Todavia, culto, inteligente, comunicativo, com noções de outros idiomas hauridas nas aulas de Boa Esperança e no Recife, ao tempo da primeira administração de José Martiniano de Alencar na presidência da província foi designado para arregimentar colonos artífices na Europa. Foi e se houve muito bem em sua missão. No entanto, sempre ávido de conhecimento, permaneceu por algum tempo em Paris, dedicando-se aos estudos de ciências naturais, sobretudo Química. De regresso ao Ceará em janeiro de 1838, trouxe consigo 16 artífices franceses que foram entregues ao governo provincial.

Retomou a carreira na magistratura, assumindo o cargo de juiz municipal e de órfãos da vila de São João do Príncipe, hoje Tauá, nos Inhamuns. Em seguida, o de juiz de direito da comarca de Crato, onde se demorou por largos anos, em face de ser vizinha à região onde nascera, no Piauí. No mês de agosto de 1853, ainda se encontrava na titularidade dessa comarca, logo mais deixando-a, quando correspondeu-se com o diretor do Museu Nacional, Frederico Burlamaqui, sobre a descoberta de peixes fósseis naquele distrito.

Exercendo forte influência na região do Cariri, elegeu-se deputado provincial em algumas legislaturas. Em 1846 é eleito por seus pares 2.º secretário da mesa diretora da Assembleia Legislativa Provincial.

No período de 7 de setembro de 1846 a 14 de março de 1848, presidiu a província do Piauí, onde realizou importante gestão administrativa. Nesse tempo, promulgou a Resolução n.º 220, de 20 de setembro de 1847, que criou na capital uma escola para formação de alunos artífices, voltada para a educação de crianças pobres.

Ao fim dessa gestão retorna ao Ceará, realizando estudos técnicos de cujo resultado apresenta projeto de transposição das águas do rio São Francisco para o Jaguaribe através da abertura de um canal.

Ainda seria eleito deputado geral pelo Piauí.

Depois de aposentado na magistratura e afastado da vida pública, dedica-se aos seus estudos e investigações científicas, mudando para o velho continente e fixando residência em Stuttgart, então capital de Württemberg, na Alemanha. De lá, em 1867 envia alguns exemplares de suas obras ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. E faz excursões científicas, sobretudo de caráter etnológico, por diversos países da Europa, descendo o Danúbio até o mar Negro; penetra no Oriente Médio, inclusive Síria e Turquia, e passando à África, sobe o Nilo desde o Egito até a Núbia,

Como resultado desses estudos e investigações científicas, publicou as seguintes obras: Mapa topográfico da comarca do Crato, província do Ceará, indicando a possibilidade de um canal tirado do rio São Francisco, no lugar Boa Vista, para comunicar com o rio Jaguaribe, pelo riacho dos Porcos e rio Salgado(1848); Descrição dos terrenos carboníferos da comarca do Crato (1855); Pelerinage aux Lieux-saints, suivi d’une excursion dans Le Basse Egypte, em Syrie et á Constantinople (1867); Notice sur le palmier carnahube (1867); O enigma comercial do café de Moka patenteado na exposição de Paris de 1867 (1868); Observações sobre as secas do Ceará e meios de aumentar o volume das águas nas correntes do Cariri (1871).  E dado o reconhecimento e notoriedade que adquiriu em face de seus estudos, foi convidado a colaborar, e assim o fez, na Grand dictionari universel du XIX secle, de Lorousse.

Faleceu esse notável piauiense em 15 de setembro de 1872, em Stuttgart, na Alemanha, aos 64 anos de idade, quando estava no auge de seus estudos científicos e muito ainda poderia contribuir com a sociedade. Coligimos essas notas para a reconstituição de sua biografia num preito de justa gratidão a quem dedicou a mais substanciosa parte de sua vida a serviço do bem-estar da humanidade, assim enchendo de orgulho à terra piauiense.

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* REGINALDO MIRANDA, autor de diversos livros e artigos, é membro efetivo da Academia Piauiense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense e do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-PI. Contato: reginaldomiranda2005@ig.com.br(Meio Norte, 08.05.2015)

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