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DALILÍADA
(poema
épico inspirado na vida e na obra de Dalí)
Elmar Carvalho
XIII
A deusa
da janela via o mar
mas eu só via as partes
glúteas da deusa
que da janela via o mar.
XIV
A vela dilacerada do
veleiro esvaído
naquela pintura esvaída
era um sinal já perdido
da esperança perdida.
(Impressionismo é uma mancha
diluída
na desbotada tela da memória.)
XV
Meu pai me olha
circunspecto
do retrato que não pintei;
me olha austero
do que jamais pintarei.
(Os retratos têm pupilas,
os bustos não.)
Mas quanta bondade
nas pupilas de seu busto
que jamais esculpirão.
XVI
Ao pé das rochas duras,
quadradas,
a mulher sentada,
de carne macia, delicada,
com suas curvas e coleios,
envolta na grande solidão
de um céu duro, quadrado,
sem nuvens e da cor de chumbo,
bela e humildemente contrastava.
Lindo poema, Elmar, parece-me uma visão das margens do nosso tão sofrido Rio Igaraçu. Um grande abraço e Feliz Natal.
ResponderExcluirEverardo-Um Parnaibano
Fico feliz de que o amigo tenha gostado.
ResponderExcluirEle terá continuidade, pois se trata do que eu chamo de um épico moderno, de algumas dezenas de pequenas estrofes, sobre a vida e obra do pintor surrealista Salvador Dalí.
Retribuo-lhe os votos de Feliz Natal e venturoso Ano Novo.
Abraço,
Elmar