James Dean. Fonte: Google |
Nomes e
prenomes exóticos, eis a questão
Elmar Carvalho
Fui informado
pela chefia do Cartório Eleitoral de que fora criada uma duplicidade de
filiação por causa de um caso curioso. Duplicidade é quando um eleitor é
filiado a dois partidos, o que não é permitido por lei. Em alguns casos,
trata-se de pessoas diferentes, mas homônimas, mas logo se descobre a verdade
através da filiação ou da data de nascimento. Porém, no caso que me foi
informado, os pais tinham o mesmo nome e os dois filiados tinham nascido no
mesmo dia.
Os sobrenomes
eram os mesmos e os prenomes eram praticamente iguais. Eram Luiz e Luís. A mãe,
no auge da empolgação materna e no afã de homenagear o santo que lhe teria
feito uma espécie de milagre, batizou os gêmeos com o mesmo nome, homófonos e
homógrafos, com a única diferença da troca de um z por um s. É claro que o
problema será resolvido, mas foi criada uma situação embaraçosa, que poderá
acarretar algum constrangimento aos envolvidos.
Contudo, tenho
ouvido falar de situações mais graves, cujos nomes servem de zombaria e
escárnio aos seus possuidores. Nomes como Flávio Cavalcante Rei da Televisão,
Osama Bin Laden, Lady Diana devem provocar risos, ou até mesmo chacotas. Muitas
vezes os pais sequer sabem pronunciar corretamente o nome do filho, quanto mais
escrevê-lo. Antes de pensarem na satisfação que o exotismo e bizarrice desses
nomes lhes causam, deveriam pensar nos problemas e traumas que eles poderão
provocar em seu filho.
Numa das
cidades em que trabalhei, ouvia falar em certo Jamim. Pensei que se tratasse,
evidentemente, de Jaminho, cujo pai se chamasse James. Somente por ocasião de
uma audiência, em que esse Jamim era parte, foi que descobri que ele de fato se chamava James Dean, sendo ele
naturalmente uma homenagem ao ator norte-americano. Acredito que o bisonho pai
do menino Osama sequer soubesse ao certo quem era o verdadeiro Osama e a razão
de sua triste e trágica celebridade.
Soube que em
certa cidade do Piauí, uma mãe, por causa de uma promessa ao santo de sua
devoção, deu o nome Raimunda Cândida da Conceição a cinco filhas. Criou uma
verdadeira dinastia de Raimundas: a primeira, a segunda, a terceira... Não
satisfeita com tantas Raimundas, batizou quatro filhos com o nome de Raimundo.
Drummond, obviamente para rimar com mundo, disse que se se chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução. Haja tantas Raimundas e Raimundos!
Não sei por que
razão, mas as pessoas de nome Raimundo parecem não gostar muito desse nome, e
geralmente são chamadas de Rai ou Ray, Mundico, Mundoca, Mundinho ou
simplesmente R. E as Raimundas, por causa da rima com certa parte protuberante
e posterior do corpo, também são um tanto ariscas com esse nome próprio (ou
impróprio?).
Todavia, há os
que assimilam bem os seus nomes esquisitos e até os ostentam com glória e
orgulho, como o João Bosta da anedota, que foi consultar o juiz a respeito de
mudar o seu nome. O magistrado disse que a mudança, em seu caso, não só era
permitida como até recomendável, e lhe perguntou sobre que nome gostaria de
ter, ao que o consulente respondeu que gostaria de se chamar Pedro Bosta. Sua
implicância, portanto, não era com o Bosta, mas com o João, talvez por causa da
estória do João Besta.
Contudo, deixo
a advertência aos pais: cuidado com o nome que irão dar a seus filhos. Lembrem-se
de que quem irá usá-lo é o rebento, e é este que sofrerá as consequências de
seu exotismo e excentricidade, através de risos, mofas, escárnios e zombarias.
Consequentemente, é o filho que poderá amargar constrangimentos e mesmo traumas
por causa de um nome próprio impróprio.
7 de fevereiro de 2010
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