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DALILÍADA
(poema
épico inspirado na vida e na obra de Dalí)
Elmar Carvalho
XVII
Menina e moça
estavas entre serras,
vales, montanhas e
vertentes,
mas eu apenas via
as serras, vales, montanhas
e vertentes
em que teu corpo se transformava.
XVIII
A mulher dominava o
fantoche
que lhe dominava, porque
o fantoche tinha as
riquezas
de que a mulher gostava.
XIX
Um a um recolhi os
estilhaços
em que te despedaçavas
e te recompus mais bela
que a beldade que eras.
XX
Quem diz estas minhas palavras
não sou eu, mas Paul Éluard,
mas o busto pesado de Paul,
pesado mas que levitava.
O busto enigmático de Paul
sou eu, que me decifrava.
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