quarta-feira, 12 de agosto de 2020

SER MÃE, DE COELHO NETO, E PARÓDIA DE FRANCISCO MIGUEL (Ser Pai)


 

SER MÃE, DE COELHO NETO, E PARÓDIA DE FRANCISCO MIGUEL (Ser Pai)

 

 Prezado Confrade Elmar Carvalho,

  

          Somente nesta manhã tive a folga necessária e a lembrança mais ainda de enviar-lhe a paródia "Ser Pai", depois de um belo dia dos pais, junto com os filhos e netos, uns em presença online, outros apenas por telefone, e por último, a que mora comigo, a qual tratamos por Mecinha. Não citei minha mulher, D. Mécia, em primeiro lugar, que sempre me acompanha nos dias felizes quantos nas horas de tristeza ou doença.

 

          Primeiro, vai o soneto “Mãe”, do fecundo poeta Coelho Neto, que ao falecer já havia publicado 100 obras. Maior do que ele, na literatura brasileira, em fecundidade, somente o nosso querido Assis Brasil que já anda perto das 200 obras publicadas em diversos gêneros, exceto em poesia.

 

          A particularidade de Coelho Neto é que ele só publicou, ou deixou publicar, um poemas, que o inolvidável soneto “SER MÃE”. Outra particularidade: É que ele, quando esteve no Piauí, fez uma palestra no Teatro 4 de Setembro, e ao fim da palestra denominou nossa Capital, Teresina, de “Cidade Verde”. 


NOTA DO EDITOR: Solicitei ao poeta Francisco Miguel de Moura os dois poemas, aqui publicados, como parte da comemoração ao Dia dos Pais. O poema de Chico Miguel foi instigado pelo desembargador Manfredi Mendes de Cerqueira, que lançou um desafio para que algum poeta fizesse um texto poético sobre Ser Pai, conforme consta na ata da Academia Piauiense de Letras, do dia 07/05/2011, por mim lavrada: "MANFREDI MENDES DE CERQUEIRA: fez belo pronunciamento sobre a importância e o significado do Dia das Mães e recitou, de cor, o famoso soneto de Coelho Neto sobre Ser Mãe; desafiou poetas, sobretudo poetisas, a fazerem o poema Ser Pai; sobre o soneto de Coelho Neto, disse que ele era um pequeno frasco a conter uma grande essência, que é o seu conteúdo, glorificando a importância de uma mãe. Rendeu Glória a Deus por haver colocado em sua obra de criação a figura da mãe. Homenageou, em suma, todas as mães, e, em particular, a sua esposa e a sua genitora." A ata referida se encontra transcrita no livro "História e vida literária: atas da APL", por mim organizado. Alguns dias depois o poeta Chico Miguel, em sessão acadêmica, apresentava a sua paródia, também constante numa de nossas atas. [EC] 

   

 SER MÃE

 

COELHO NETO(1864 – 1934)*

 

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra

O coração, ser mãe é ter no alheio

Lábio que suga, o pedestal do seio,

Onde a vida, onde o amor, cantando vibra.

 

Ser mãe é ser um anjo que se libra

Sobre um berço dormindo, é ser anseio,

É ser temeridade, é ser receio,

É ser força que os lares equilibra.

 

Todo bem que a mãe goza é bem do filho,

Espelho em que se mira afortunada,

Luz que lhe põe nos olhos novo brilho.

 

Ser mãe é andar chorando num sorriso,

Ser mãe é ter um mundo e não ter nada,

Ser mãe é padecer num paraíso!

_________________

 

*Coelho Neto, nome literário de  Henrique Maximiano Coelho Neto, nascido em Caxias-MA e faleceu no Rio de Janeiro. Filho de índia e português, escritor prolífico (cronista, contista, romancista, folclorista, crítico de teatro). Orador e político, ocupou vários cargos de importância na República, pois era abolicionista. Agitador nos meios universitários (São Paulo, Recife, Rio). Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Num discurso inflamado no Teatro 4 de Setembro, em Teresina, chamou nossa Capital de “Cidade Verde”. Poeta de um só soneto, mas admirável e popularíssimo. 

 

SER PAI  (Paródia)

 

Francisco Miguel de Moura

 

         (Paródia ao soneto “Ser mãe”, de Coelho Neto)

 

 Ser pai é ganhar mais, libra por libra,

 Para que o filho não se torne alheio,

 Nem precise ir embora do seu meio,

 Da família, onde a infância se equilibra.

 

 Ser pai é sofrer só... Filho nem liga

 De pai ficar em casa a noite inteira,

 Se tem mãe que lhe vele à cabeceira,

 Por isso o pai, coitado já nem briga.

 

 E assim desce ao boteco e perde o brilho,

 Embora lhe acompanhe um amor capaz

 De voltar logo e aconchegar o filho.

 

 Ser pai é se zangar quando está liso,

 Ser pai é sofrer muito e ser capaz

 De sorrir, padecendo o prejuízo.

  

                           Francisco Miguel de Moura

 

                                Teresina, 25/02/2012

 

 OBSERVAÇÕES:

            Sem o belo soneto de Coelho Neto, o meu SER PAI” não existiria, por que é uma paródia. Significa que sem a mãe, não haveria o pai. Ambos são constantes da “Antologia: Poemas e Poetas Mais Amados”, de minha organização, já editada pela Academia Piauiense de Letras, e ainda não publicada, onde o conterrâneo está presente com dois poemas, que, embora curtos, são bem expressivos de sua boa poesia em todos os seus livros. 

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