DÍSTICOS
DESAUTORIZADOS À SÊNECA
Antônio Francisco das Chagas Sousa
Escritor, cronista e poeta
Meu mui respeitado Sêneca, por que não
dá para ser estoico,
quem quer ter livros e mais livros,
feito um paranoico?
Falaste mal deles, ou de tê-los em
abundância
aqueles aos quais não os livram da
ignorância?
Para aqueloutro Mestre, se “a alma não
é pequena”,
tudo, inclusive, livros em profusão,
vale a pena.
Rechaçar livros, à mão cheia, aos
montes,
e se não for filosofia, mas falta de
horizonte?
Avaliar o outro, como a si próprio vê:
pobre,
não seria atitude estoica, nem das
mais nobres.
Fingir hipócrita humildade, às vezes,
encobre
atos suspeitos de um demagogo esnobe.
Vivesses entre nós, hoje, Sêneca, não
teria outro jeito,
ou te transmutarias de estoico em
cínico, ou nada feito.
Precisa usar conhecimentos contundentes
nas argumentações,
o filósofo que se porta preconceituosamente
em suas pregações.
Não seria inveja, daquele, não querer
estar lá,
para não ter que cruzar com alguém que
já lá está?
Hipocrisia ou não, dizer que não quer
ir longe demais,
quando o que mais teme é não ter
forças e ficar para trás?
Se não é ato de covardia afirmar estar
muito bem aqui,
chamar do que, o de quem fica por medo
de partir?
Mestre Sêneca, muita tranquilidade e
um certo cuidado:
pois, com alma que não quer reza, deve
haver algo errado.
Relembras o que sobre Júlio Canus certa
vez, tu disseste?
Apesar de contemporâneos, sua grandeza
é inconteste.
No que tange ao filósofo, tu te
redimiste, é bem verdade;
até para um estoico, Mestre, é difícil
livrar-se de toda vaidade.
A buscar tranquilidade para a alma,
Sêneca, tu nos inspiraste;
fazer toscos versos como estes, claro
que não: era outra tua arte.
(Poema feito após leitura do Livro Sobre a Tranquilidade da alma, de Sêneca, em 09/04/2021, 23:00h)
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