segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

ENTREVISTA AO NEUROLOGISTA SILVA NETO



ENTREVISTA AO NEUROLOGISTA SILVA NETO 


Entrevista concedida ao jornalista Wilton Porto


1. Nome completo?


Raimundo Pereira da Silva Néto


2. Idade?


55 anos


3. Formação/Profissão?


Médico Neurologista


4. Local de nascimento?


Nascido no povoado Várzea, no município de Esperantina-PI, no dia 9 de julho de 1966.


5. Locais onde atua?


Trabalha na Universidade Federal do Delta do Parnaíba, em Parnaíba-PI, como Professor; Doutor Adjunto de Neurologia, na graduação em medicina, atuando no ensino, pesquisa e extensão; e Professor Doutor Permanente na Pós-Graduação em Ciências Biomédicas, como orientador do curso de mestrado. Além disso, atua como Médico Neurologista Especialista em Cefaleia (Cefaliatra), na Clínica Neurocefaleia, em Teresina, a primeira clínica do Norte e Nordeste do Brasil, especializada no diagnóstico e tratamento das cefaleias.


6. Universidades de formação?


Graduação em Medicina na Universidade Federal do Piauí e Pós-Graduação na Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado e Doutorado) e Universidade Federal do Piauí (Pós-Doutorado).


7. Cursos mais importantes?


 diplomado

Em 1995. Concluiu o curso de Medicina (UFPI, Teresina); em 1998, a Residência Médica em Pediatria (Hospital da Restauração, Recife); em 2001, a Residência Médica em Neurologia (Hospital da Restauração, Recife); em 2002, a Especialização em Cefaleia (São Paulo); em 2012, o Mestrado em Neurologia

(UFPE); em 2016, o Doutorado em Neurologia (UFPE); e em 2021, o Pós- Doutorado em Ciências Farmacêuticas (UFPI).


8. Áreas que mais atua nas formações?


Atua, quase que exclusivamente, na área das Cefaleias.


9. Por que a cefaleia é uma doença de tanta ação no Brasil?


A cefaleia é a principal queixa da humanidade e um dos sintomas de mais de 300 doenças. Ela pode ser secundária a qualquer doença, mas pode ser primária, sendo gerada pelo próprio cérebro e caracterizando-se por ser a própria, como, por exemplo, a migrânea (conhecida, popularmente, como enxaqueca).

A enxaqueca acomete, aproximadamente, 15% dos brasileiros. Dos 100% dos sofredores de enxaqueca, apenas 5% são acompanhados por especialistas. O não tratamento torna a enxaqueca como a doença que mais ocasiona dias perdidos (aquele dia que você não viveu). Segundo a OMS, a enxaqueca é a segunda doença mais incapacitante.

No Brasil, temos a Sociedade Brasileira de Cefaleia que promove ações de capacitação médica e conscientização da população.


10. Somos um país de muitos acidentes e povo displicente no uso de cinto de segurança e capacete. Temos uma medicina preparada para evitar tantos traumas?


Infelizmente não. Antes da pandemia da Covid-19 (quando o Brasil divulgava dados epidemiológicos de outras doenças), os acidentes de trânsitos eram responsáveis pela ocupação de 90% dos leitos das emergências. Acredito que são necessárias medidas mais  rígidas, de conscientização e punição.


11. Brasileiro gosta de farmácia e não de médico. Existem 300 tipos de dor de cabeça. Acho que se trabalha com menos de 10 por cento. Quais os risco de sermos nossos próprios médicos?


A Classificação Internacional das Cefaleias (International Classification of Headache Disorders, Third Edition – ICHD-3) confirma a existência de mais de 300 tipos diferentes de dores de cabeça. A imensa maioria não é tratada. Esses sofredores, por diversas razões, recorrem à automedicação, sem noção dos seus riscos. Há vários riscos de sermos nossos próprios médicos, dentre eles, o desenvolvimento de uma cefaleia denominada “cefaleia por uso excessivo de analgésicos”. O analgésico em excesso (mais de 2 comprimidos por semana, por mais de 3 meses) causa o efeito contrário. Mas há riscos mais graves, como as lesões gástricas (hemorragia digestiva) ou insuficiência renal.


12. Quais seus enfrentamentos para ser um médico de destaque internacional?


Nos últimos 25 anos, tenho me dedicado à ciência, sem nenhum apoio institucional. Tudo o que consegui foi às custas de meus próprios méritos. Muitas vezes, gasto do meu próprio dinheiro para pagar as pesquisas (nunca recebi ajuda financeira). Participo de congressos médicos para atualização de conhecimentos, também sem ajuda. Minhas publicações me projetaram internacionalmente.


13. Hoje, o Sr. é mais conhecido no exterior do que no Brasil. Onde está a falha?


Primeiro, a imensa maioria dos médicos brasileiros não se atualiza. Se eu escrevo um artigo científico em português, poucos leem. Por isso, passei a escrever em inglês. Lá fora, meus artigos são lidos e citados.

Segundo, a não valorização da prata da casa. Aqui, se valoriza o que é de fora. Por exemplo, muitos piauienses, principalmente os mais abastados, vão a São Paulo para tratar suas dores de cabeça. Mas chegando lá, o médico que os atende me conhece e os manda de volta ao Piauí.

Terceiro, a maldita politização de tudo. Vou citar dois exemplos. Em 2018, fui convidado para um entrevista na TV Globo, no Jornal Nacional, mas alguém me cancelou. Em 2020, eu concorri ao Prêmio de Melhor Artigo Científico publicados nos EUA, um feito nunca conseguido antes por um brasileiro, e fiquei em 5o lugar. Naquele mesmo ano, ganhei um Prêmio no México pela melhor pesquisa em cefaleia na América Latina (pesquisa que foi realizada em Parnaíba). Isso mereceria um destaque na mídia piauiense? Eu acredito que sim. Isso seria bom para o Piauí. Gravei uma entrevista para uma TV no Piauí, mas cancelaram minha entrevista porque votei em um candidato que a TV não gosta.


14. Quantos livros publicados e o valor deles dentro da medicina mundial. São estudados?

 Aplicados?


Já publiquei 7 livros que se encontram em todas as universidade brasileiras e, em algumas delas, esses livros são adotados como livros textos. Mas a nível mundial, meus livros circulam por alguns países do mundo. No início do próximo ano, publicarei mais um livro pela Editora Springer, uma editora internacional e terei uma médica alemã como coautora.


15. Consideraçõesfinais...


Apesar de eu ser mais conhecido no exterior do que no meu país, isso não muda minha rotina, nem minhas amizades. Continuo aquela mesma pessoa humilde que veio de Esperantina. Sou um pesquisador que trabalha sempre pensando em ajudar as pessoas, independe do reconhecimento.

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Li uma Entrevista, em que, Silva Neto cresceu enfrentando imensas dificuldades. Até lembrei de mim, que quando criança, vendi tojolinhos de doce de leite e engraxei sapatos.

Silva Neto também foi um vendedor ambulante.

Se a fome bateu muitas vezes, com ele não foi diferente.

Aquele menino ousado, que quebrou todos os tijolos, que nadou em rios poluidos, que pulou muralhas e se machucou em pedras, ainda assim, foi grande destaque  nas escolas, hoje, é o Neurologista de nível internacional, com a mesma tenacidade, com sublime humildade.

Tenho que tirar o chapéu, aplaudir,  dizer-lhe que, muitos passaram por isso e se não tiveram o brilho reconhecido na Terra, nos Céus a tocha é elevada.

Estamos a dois dias do Natal. Cristo é o nosso maior exemplo.

O pão que um dia nos faltou; se o reconhecimento não nos veio na Terra, no Alto Escalão Celeste há um Livro com tudo registrado com letras garrafais e douradas.  

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