UM DIA HISTÓRIOCO PARA A CULTURA
Valério Chaves (*)
Este 5 de novembro de 2023 pode ser considerado um dia
histórico para a ciência e a cultura brasileiras.
Embora menos lembrado nos últimos
anos, o dia 5 de novembro é comemorado o Dia da Ciência e da Cultura no Brasil,
de acordo com a Lei 5.579, de 15 de maio de 1970, aprovada em homenagem à data
de nascimento de Rui Barbosa (1849-1923) e, ao mesmo tempo, promover a produção
de obras culturais, estimular a expressão cultural e a produção do conhecimento
científico em todo o pais.
Rui Barbosa, como se sabe, foi um dos
fundadores e presidente da Academia Brasileira de Letras. Como político e
escritor, teve imensa participação em favor da abolição da escravatura no Brasil. Foi ministro da
Fazenda no governo do presidente Rodrigues Alves (1902-1906) e representou o
Brasil na Convenção de Haia na Holanda, em 1907.
José Almino de Alencar Silva Neto,
diretor do Centro de Pesquisa da Fundação Casa de Rui Barbosa, conta que a data
de 5 de novembro foi escolhida para lembrar os feitos de Rui Barbosa. “Na
década de 1970, havia uma grande valorização das figuras do país, e Rui Barbosa
representava valores como o sucesso por meio do mérito e o uso da inteligência
para solucionar problemas”. A Inglaterra era o grande centro da produção
científica da época, e o desejo de Rui Barbosa era transmitir essas ideias no
Brasil.
O rotariano João Scantimburgo, membro
da Academia Brasileira de Letras, em artigo publicado pela revista Brasil
Rotário n. 917/ nov. 98, pág 31, afirma que nos fins do século passado até
recentemente o culto voltado ao formidável baiano era de tal maneira que
chegavam seus adoradores a considera-lo um semideus. (...) Escritor barroco,
dono de um estilo opulento, com páginas de rara beleza, e, por isso mesmo,
antológicas, Rui Barbosa pregou o liberalismo, defendeu as liberdades, combateu
o arbítrio na República, “de cuja proclamação foi um dos responsáveis, ainda
que tendo confessado ser republicano do dia seguinte”.
Sabemos que numerosas ideias pregadas
por Rui Barbosa estão hoje superadas, porém o seu pensamento em defesa da
liberdade e seu apostolado cívico continuam vivos no Panteon simbólico da
cultura brasileira e na memória de cada brasileiro que ama este país.
A exemplo do que acontecera na
história cultural da França onde as Sociètèes
de Pensér representavam papel decisivo no irrompimento das grandes
transformações que se lhe seguiram, sempre presente o maitre à
penser, cuja palavra e conceitos eram assimilados pelos seus discípulos, em
nosso país o maior maitre à penser continua sendo Rui Barbosa, pois tão grande e admirável
foi o culto votado ao formidável baiano ( Águia de Haia).
(*) O autor é desembargador aposentado do
TJPI
(novembro/2023)
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