PANEGÍRICO COM PITADA DE HUMOR
Elmar Carvalho
O advogado Daniel Gonçalves, que
foi meu colega no curso de Direito, na UFPI, recordou alguns dos nossos
condiscípulos. Disse que o Terceiro e o Luís Meneses haviam falecido. Eram dos
mais velhos da turma, porém bem relacionados. Com referência ao primeiro, eu
gostava de dizer que ele podia ser o terceiro até para a sua mãe, mas que para
mim era o primeiro. O segundo, foi vice-prefeito de Timon.
Meses atrás o vi na Clínica
Lucídio Portella, em companhia de familiares. Algo me disse que sua situação
parecia ser grave. Agora, soube que morreu. Era filho do senhor Meneses, colega
de meu pai nos Correios, em José de Freitas, quando lá moramos, durante um ano
e poucos meses. Nesse período, meu pai trouxe para nossa casa um prato de fina
iguaria, na hora do almoço, dizendo que se tratava de um pombo. Dividiu com a
família. Comi com entusiasmo e sofreguidão. Meu pai me perguntou se eu havia
gostado. Respondi que sim. Perguntou que gosto tinha.
Disse-lhe que era semelhante ao
de uma galinha. Meu pai sorriu, e disse que havíamos comido uma jia, preparada
pelo senhor Meneses. Não me dei por achado, e pedi mais. Não havia mais. Ainda
hoje sinto o gosto mais que gostoso daquela jia, magia gastronômica preparada
pelo Menesão, pai de meu falecido colega de farto bigode a la Sarney.
Por causa de minha tirada com o
Terceiro, lembrei-me de uma outra, esta relacionada com o professor Cordão, de
quem não tive a honra de ser aluno. Ia eu descendo o Alto da Jurubeba, ou seja,
a colina da igreja de São Benedito, quando o avistei dentro de seu automóvel.
Apesar de conhecê-lo da Academia Piauiense de Letras, inclusive tendo ido a sua
posse, que por sinal fora muito concorrida, não tinha intimidade com ele.
Mas ao vê-lo, me veio o impulso
de fazer uma brincadeira. Nessa época, ainda jovem, eu perderia o amigo, mas
não perderia a piada. Abordei-o da seguinte forma: “Professor, o senhor pode
ser Cordão para sua mulher, para seus filhos, para seus netos, mas para mim o
senhor é um cabo, cabo de aço, e se for cordão, é cordão de ouro!”
Hoje, mais amadurecido, ou mais
velho, se o leitor preferir, não sei se tiraria essa pândega com alguém mais
velho, com quem não tinha maior proximidade. De Cordão, além do magistério e do
profissional da saúde, na área da bioquímica, resta a lembrança imperecível de
um homem que foi bom, e que prestou inestimáveis serviços no campo da
assistência social, como um voluntário que envidou relevantes esforços em prol
dos excepcionais, sobretudo por ter liderado a APAE por vários anos.
Paraibano, fez por merecer os
títulos honoríficos de cidadão teresinense e piauiense. Era formado em
Bioquímica e Farmácia. Morre o homem e fica a fama, diz a música da Velha
Guarda. E fica o exemplo, acrescento eu.
6 de outubro de 2010
Excelente texto. Uma reflexão apropriada à passagem da vida, aos valores de homens que deixaram bons exemplos.
ResponderExcluirTambém já comi jia na infância e, também, me pareceu carne de frango. Mas não sei se comeria outra vez kkk
Muito obrigado, caro Josiel.
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