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ENIGMA
Elmar Carvalho
entre o som
o sono
o sonho
a sombra e a sobra
eu me decomponho
em escombros
em farpas e agulhas
escarpas e fagulhas
desfeito enfim
em fogos de artifício
feito estrelas de mim
esfinge autoantropofágica
que
não se decifrou e que a si
mesma se devorou
O eu-lírico escreve o poema em primeira pessoa. Não dita em que amo foi escrito. Parece estar passando por um momento de descoberta da própria identidade, já que o título demonstra isto. No início do poema o eu-poético deixa escapar a palavra decomposição, após som, sono , sonho, sombras e sobras. Elmar foi um Poeta, um Jornalista ativo na década cinzenta do nosso país. Provavelmente este poema possa ter sido escrito naquela época em que todos estávamos angustiados, sem forças, sem lemo, e no meio de fogos de artifícios, não sentirmos a alegria do momento: mas apenas uma esfinge que se volta para si, se alimentado da dor e da tristeza de não poder agir, se mudar o país em estado de fracasso. O devorar-se, é o remoer a própria incapacidade de ser.
ResponderExcluirO comentário acima é de
ResponderExcluirWilton Porto