domingo, 2 de março de 2025

ENIGMA

 

Fonte: Google

ENIGMA


Elmar Carvalho

 

entre o som

          o sono

          o sonho

          a sombra e a sobra

eu me decomponho

     em escombros

em farpas e agulhas

       escarpas e fagulhas

                                          desfeito enfim

                                          em fogos de artifício

                                          feito estrelas de mim

esfinge autoantropofágica que

não se decifrou e que a si

mesma se devorou

2 comentários:

  1. O eu-lírico escreve o poema em primeira pessoa. Não dita em que amo foi escrito. Parece estar passando por um momento de descoberta da própria identidade, já que o título demonstra isto. No início do poema o eu-poético deixa escapar a palavra decomposição, após som, sono , sonho, sombras e sobras. Elmar foi um Poeta, um Jornalista ativo na década cinzenta do nosso país. Provavelmente este poema possa ter sido escrito naquela época em que todos estávamos angustiados, sem forças, sem lemo, e no meio de fogos de artifícios, não sentirmos a alegria do momento: mas apenas uma esfinge que se volta para si, se alimentado da dor e da tristeza de não poder agir, se mudar o país em estado de fracasso. O devorar-se, é o remoer a própria incapacidade de ser.

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  2. O comentário acima é de
    Wilton Porto

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