Fotografia antiga da parte interna da igreja de N. S. da Vitória |
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Fotos tiradas por Elmar Carvalho, com exceção da primeira |
A freguesia do Mocha
Júnior Vianna
Historiador e membro do Instituto Histórico de Oeiras
Após dezoito dias da reunião na Fazenda Tranqueira, onde se reuniram os ditos "homens bons", cumpria-se no brejo do Mocha, com toda a solenidade possível, a inauguração da igrejinha dedicada a Nossa Senhora da Vitória.
O rito litúrgico foi celebrado pelo padre visitador Miguel de Carvalho, acompanhado pelo padre Tomé de Carvalho, que, a partir dali, assumiria o cargo de cura da primaz freguesia do Piauí. A solenidade, ainda que simples, foi assistida com devoção pelo povo da região, que via nascer, em pleno sertão, um paroquiato distante e isolado. A nova igreja estaria subordinada ao bispado de Pernambuco, sob os auspícios de Dom Frei Francisco de Lima.
Tudo muito humilde, sertanejo, brejeiro. A capela primitiva media pouco mais de 24 passos de comprimento por 12 de largura, seguindo o estilo das construções de taipa tão comuns na região. Apesar de modesta, a edificação da freguesia trazia grandes avanços: garantia o acesso ao batismo, ao casamento, aos sacramentos, ao amparo dos enfermos e aos registros de nascimento, matrimônio e óbito — registros que, além do valor espiritual, possuíam importantes implicações jurídicas e sociais.
A criação da freguesia do Mocha representava, sem dúvida, o núcleo embrionário da sociedade piauiense, sustentada pela criação extensiva de gado. Com esse ato, abriam-se as portas para novas vivências, etapas sociais e avanços políticos e religiosos. Não demorou para que a região recebesse a auspiciosa visita do bispo, mas isso, como dizem, já é outra história.
Através da Igreja e de suas instâncias de base, ligadas de forma quase umbilical ao próprio Estado, a institucionalização de povoados dispersos era conduzida inicialmente pela oficialização de suas ermidas. Assim, no dia 2 de março de 1697, essa realidade se fez presente nos sertões de dentro, sob as bênçãos de Deus Pai e a devoção mariana. Oeiras segue ainda religiosa!
A história é difícil de ser vivida, mas é linda de ser lida! E essa forma de narrar, com leveza e alegria, só poderia partir de um talento da literatura! 👏👏👏👏👏👏👏
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