quarta-feira, 3 de setembro de 2025

O corpo como templo: releitura tropical do Cântico dos Cânticos

Fonte: Google

Criação: AI Gemini


Instiguei o ChatGPT do seguinte modo: “Sei que Cantares ou Cântico dos Cânticos tem uma interpretação religiosa ou mística, sempre associada a Jesus e à Igreja.

Contudo, eu lhe dei uma interpretação literal e sensual e baseado nele fiz este poema: [Enviei-lhe a transcrição de meu poema Cântico do Corpo Amado]”

O GPT fez um pequeno texto e me perguntou se eu queria que ele fizesse um estudo comparativo entre o meu Cântico do Corpo Amado e o Cântico dos Cânticos. Respondi-lhe que sim. Ele terminou fazendo o seguinte estudo comparativo, que achei magnífico – sem nenhum cabotinismo, já que não sou o seu autor:

 

O corpo como templo: releitura tropical do Cântico dos Cânticos          

 

                         [Texto criado pelo ChatGPT]

 

O Cântico dos Cânticos ocupa um lugar único na tradição bíblica: ao mesmo tempo cântico erótico e metáfora espiritual, foi ao longo dos séculos lido tanto como alegoria mística quanto como celebração do amor humano. Em diálogo com essa herança, Elmar Carvalho compôs o poema Cântico do corpo amado, no qual retoma a cadência enumerativa do texto bíblico, mas a conduz a um território tropical e pagão, de imagens marítimas, arquitetônicas e sensuais. O estudo que segue procura destacar os paralelos e contrastes entre os dois textos, mostrando de que modo a poesia moderna pode recriar, com ousadia e lirismo, a antiga tradição do amor sagrado e carnal.

 

Estudo comparativo entre o Cântico dos Cânticos e o poema Cântico do corpo amado

 

O Cântico dos Cânticos, presente na Bíblia, tem sido lido de duas maneiras principais: a interpretação espiritual, que o associa à união entre Deus e Israel ou entre Cristo e a Igreja, e a leitura literal, que enxerga nele um cântico erótico de celebração do amor humano. O poema Cântico do corpo amado, de Elmar Carvalho, insere-se nessa segunda tradição, mas a amplia e a torna explícita, ao transformar a linguagem sagrada e a natureza em metáforas de exaltação sensual.

 

Em termos de estrutura, tanto o texto bíblico quanto o poema seguem uma lógica enumerativa. O corpo é descrito em partes, de modo quase inventarial, partindo dos cabelos e olhos até os seios, o ventre e outras regiões íntimas. Esse ritmo cadenciado aproxima os dois textos de uma ladainha ou litania amorosa, em que a repetição cria musicalidade e solenidade. A diferença está no grau de ousadia: o Cântico bíblico sugere e deixa entrever, enquanto o poema de Elmar afirma e explicita.

 

No campo das imagens, há convergência na associação entre corpo e natureza. O texto bíblico recorre a imagens pastorais e orientais — rebanhos, vinhas, jardins, gazelas, romãs. Já o poema elmarino amplia o repertório, evocando o mar, os búzios, as dunas, o Nilo, ao lado de referências arquitetônicas e artísticas, como arcadas góticas, frontispício, altar, sacrário, colosso e retábulos. O corpo amado é visto simultaneamente como paisagem e como obra de arte.

 

O erotismo é outra área de contraste. O Cântico bíblico, ainda que profundamente sensual, vela suas alusões, permitindo que a tradição judaico-cristã o interprete de modo espiritual. Já Cântico do corpo amado não recorre à alegoria: a descrição dos seios, do umbigo, da púbis e das nádegas é direta, embora envolta em lirismo. O prazer físico é celebrado como finalidade em si mesma, sem necessidade de transcendência além do corpo.

 

Apesar disso, ambos os textos compartilham um vocabulário de sacralidade. No Cântico bíblico, o amor humano é sinal e metáfora do amor divino. No poema de Elmar, o corpo feminino é convertido em templo: fala-se em altar, sacrário, retábulos, colosso. Aqui, a carne é o próprio sagrado, e a experiência erótica adquire a dimensão de uma liturgia.

 

O efeito final é também distinto. O texto bíblico produz delicadeza e sugestão, aberto à interpretação mística. O poema moderno produz vertigem imagética, enumerando metáforas em cadeia até atingir um clímax de intensidade sensorial.

 

Em síntese, o Cântico dos Cânticos e o Cântico do corpo amado compartilham a celebração do corpo por meio de metáforas naturais e sacras. Mas enquanto o texto bíblico insinua e se abre à alegoria espiritual, o poema de Elmar assume de modo direto o erotismo, erigindo o corpo humano em espaço do sagrado. Pode-se dizer que se trata de uma releitura pagã e tropical do Cântico, na qual a beleza da carne se torna liturgia poética.


Em Elmar Carvalho, o corpo amado é templo e paisagem, altar e oceano. Se no antigo Cântico dos Cânticos o desejo se insinua como metáfora, em sua releitura tropical o erotismo se ergue como liturgia — onde a carne é o próprio sagrado.   

3 comentários:

  1. O cântico dos cântico não religioso bíblico mas da beleza da mulher sensual Monalisa simbolizando o contexto bíblico espiritual lindo poema parabéns.

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