quinta-feira, 28 de junho de 2012

UM CASO DE ADULTÉRIO




28 de junho   Diário Incontínuo

UM CASO DE ADULTÉRIO

Elmar Carvalho

Estava conversando, faz poucos dias, com um amigo sobre assuntos diversos e aleatórios, quando, por associação de ideias, ele me contou um caso interessante de que ele fora protagonista. Serei fiel à sua narrativa, porém omitirei nomes de pessoas e lugares, de sorte a dificultar a identificação dos fatos que me foram revelados como sendo verdadeiros.

A trama se passou em outro estado, onde residiu esse meu amigo. Quando ele tinha apenas 21 ou 22 anos de idade, e morava numa cidade interiorana, fixou residência em um condomínio. Certo dia, sobraçava ele algumas fitas de filmes, à esperava do elevador, quando se aproximou uma deslumbrante mulher casada, que ele vira algumas vezes. A senhora o cumprimentou, e perguntou se os filmes eram bons. O rapaz, um tanto acanhado, respondeu que não sabia, vez que ainda não os vira.

Um ou dois dias depois, o jovem ouviu tocar a campainha. Ao abrir a porta do apartamento, para sua total surpresa, deparou-se com a bela e jovem senhora que lhe perguntara sobre os filmes. Ela estava com uma roupa, que mais realçava que escondia as suas atraentes curvas. Sem rodeios, disse que viera assistir aos filmes com o meu amigo. Para não entrar em enfadonhas delongas e nem fazer desnecessários suspenses e mistérios, que isso deixarei para os romancistas e contistas, direi logo que eles não apenas viram filmes, mas fizeram uma verdadeira encenação cinematográfica pornô.

A mulher, talvez para se justificar, revelou que era casada com o delegado regional do município, com o qual tinha um filho; que ele era homossexual, e que se casara apenas para manter as aparências; que frequentemente viajava para a capital do estado, onde era sócio de uma casa comercial. Era por ocasião dessas viagens que ele deveria encontrar-se com o seu parceiro. Ele lhe exigira, na época das núpcias, que ela levasse uma vida discreta, e jamais se envolvesse em escândalos, mas sem lhe revelar, contudo, a sua condição de gay.

A mulher começou a amiudar os encontros, chegando ao cúmulo de procurar o amante nos bares em que ele se encontrava a beber com amigos, pelo que este lhe repreendeu a atitude. Começou a fazer cenas de ciúme, o que causou preocupação ao rapaz. Por tais motivos, o meu amigo, em busca de conselho, contou o caso a um seu amigo, já cinquentão e casado. Este aproveitou a oportunidade para, sem a menor cerimônia ou constrangimento, pedir ao confidente, que lhe conseguisse a irmã da adúltera, que por sinal era outro “pitéu”, quase ainda uma ninfeta, não menos bela e nem menos sensual.

A irmã da mulher do xerife, graças à intermediação desta, passou a ter um caso com o velho dom Juan. E na parte que diz respeito a meu amigo, a história, se não teve um final feliz, ao menos não teve um epílogo trágico, com tiros, mortes e suicídio. Simplesmente, ele se mudou para outra cidade, e não mais reviu a bela, sensual e ardente mulher do senhor delegado regional de... Melhor pingar o ponto final e ser discreto, para o bem de todos e felicidade geral dos envolvidos.

Um comentário:

  1. A forma como se vê um fato do qual se é protagonista, depende, dentre outras coisas, do tempo, ou seja, certamente, na época em que viveu o romance, provavelmente, seu amigo suasse a testa na hora em que lembrava do delegado, mas hoje, ele lembra com saudades, vaidade e alívio. Cá entre nós, se revirarmos os baús das nossas memórias, todos temos alguma história que nos arranca alguns risinhos safados. Faz parte da nossa natureza.

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