quarta-feira, 13 de novembro de 2013

TANGOS À MÉDIA LUZ



TANGOS À MÉDIA LUZ

Antonio Gallas

Após um pequeno hiato em nossa participação neste periódico, retornamos, agora, nesta edição, para narrarmos fatos do segundo dia da programação da Semana da Imprensa 2013 que, apesar de ter caído numa sexta-feira 13, nada desagradável ocorreu, mas sim muita alegria que começou com o farto coquetel oferecido pela Associação Comercial e Industrial de Parnaíba em sua sede no Porto das Barcas.

Na oportunidade o atual presidente da entidade, o contabilista Luís Pessoa, reuniu os comunicadores num pequeno, mas confortável auditório, onde fez um breve relato das lutas e reivindicações que a Associação Comercial desenvolveu nestes seus 96 anos de existência, em prol do crescimento da cidade da Parnaíba. Falou também das lutas atuais, citando, inclusive, as reivindicações feitas com empresas de aviação comercial no sentido de priorizar voos regulares para Parnaíba tendo em vista a cidade contar com um aeroporto de categoria internacional com capacidade para pouso e decolagem de aeronaves de grande porte. O presidente Luís Pessoa, anunciou, dentre tantas notícias alvissareiras,uma dando conta de um decreto governamental que doou à Associação Comercial, em regime de comodato, o prédio do Complexo Porto das Barcas. Segundo o decreto, “o imóvel destina-se a utilização gratuita pela Associação Comercial de Parnaíba, que terá responsabilidade pela sua conservação e manutenção, além de ofertar atividades e projetos direcionados ao resgate cultural e histórico”. O local deverá ser utilizado na promoção de atividades artísticas, culturais e turísticas. A utilização do citado imóvel apara atividades diferentes das propostas pelo decreto, o prédio volta a pertencer ao Estado.

Encerrado o coquetel em que todos saíram satisfeitos, dada a variedade de salgadinhos e de bebidas oferecidos (pode ser também oferecidas, se você fizer a concordância verbal com bebidas), um pequeno grupo “esticou” até à tradicional Beira Rio, no afã de bebericar umas outras mais, não porque não se estivesse satisfeito com as bebidas oferecidas no coquetel (de cerveja a whisky de primeira qualidade), mas porque esse grupo composto por mim, pelos jornalistas Bernardo Silva e José Luiz de Carvalho, dr. Renato Bacelar (que demorou pouco), escritor Pádua Marques, historiador Cosmo Rocha e o sindicalista e político Sérgio Ricardo, gosta mesmo de dar uma “esticadinha” e aproveitar que “a noite é uma criança” (up the night) como se diz em inglês. Para felicidade nossa, boêmios por excelência, um peque grupo formado apenas por três músicos se apresentava nessa noite na Rua da Cultura, evento que acontece toda sexta à noite na Beira Rio. Os instrumentos musicais que eles utilizavam eram um violino, um acordeão (pode ser também acordeon ou sanfona) ) e um pandeiro, o suficiente para produzirem música de qualidade para o mais refinado gosto. Esse grupo, que não pude identificar o seu nome, conseguiu transformar o popular em erudito. No seu repertório eclético, além de MPB estavam também famosos tangos tais como “La Cumparsita”, “Uno”, “Corrientes”, “Mi Buenos Aires Querido” , e muitos outros. 

Ao escutarmos os tangos, eu e o Bernardo Silva comentamos sobre uma época na década de 70 quando residíamos na Rua Vera Cruz no Bairro São José e que todos os sábados, a partir da meia noite reuníamos na calçada da minha residência para escutarmos o programa Tangos à Média Luz levado ao ar pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, AM 1220 KHZ. É claro, na companhia de uma “loura suada” ou de um tinto seco. Desse grupo seleto de apreciadores da boa musica portenha, legado deixado por Carlos Gardel, faziam parte além de mim e do Bernardo Silva, o poeta Elmar Carvalho, o “monstro” ou “enorme” Reginaldo Costa, algumas vezes o “potência” de Paula e alguns outros cujos nomes não me afloram à mente no momento.

A música nos transporta através dos tempos, nos enleva e nos traz recordações. E quando escuto um tango lembro-me de alguém que conheci em São Luís do Maranhão quando lá residi. Costumávamos escutar e tentávamos até dançar algumas vezes. Ela, apesar de morar em um prostíbulo, tinha um gosto refinado pela música e pela poesia. Muitas vezes quando ouvíamos o tango “la cumparsita” ao solo de um bandoneon ela costumava recitar o poema abaixo de autoria de Paulo César Pinheiro:

O tango é um coração nervoso de ansiedade,
Sangrando à meia luz de um cabaré esfumaçado.
O tango é melodia da dor e da saudade,
da mágoa e do abandono, do ciúme e do pecado.
O tango conta histórias de corações marcados,
de amores clandestinos e paixões desiludidas.
O tango é o desabafo dos desesperados, o alívio dos amantes, consolo das perdidas.
A alma das mulheres tristes vive presa ao lancinante som de um bandoneon sem calma.
O tango é um espelho a refletir tristeza.

E todos têm, no fundo, um tango dentro d’alma…”

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