Hamlet
Alcides
Freitas (1890 - 1913)
Não sei
que estranha dor meu peito dilacera,
Que
esquisito negror meu espírito ensombra!
Tenho
sorrisos de anjo e arreganhos de fera,
Sinto
chamas de inferno e frescuras de alfombra!
Sou
malvado e sou bom! Minh'alma ora é sincera,
Ora de ser
traidora ela própria se assombra!
Que
clamores de inverno e paz de primavera!...
Escarneço
da morte e temo a minha sombra!
Nervo a
nervo, a vibrar, misteriosa e vaga,
Anda-me o
corpo todo a nevrose de um tédio,
Que dos
pés à cabeça atrozmente me alaga ...
Onde um
recurso ao mal que me banha e transborda?
Minha dor
é sem fim! Eu só tenho um remédio:
O suicídio
- uma bala.:. um punhal... uma corda!...
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