O Papa tem razão
Cunha e
Silva Filho
Não quero
estar na pele do Papa Francisco. Ele já deu
provas mais do que evidentes e insofismáveis de que as alternativas são escassas tanto no que
concerne à ausência de solidariedade no mundo quanto no se que se refere à fome, às guerras e, por último,
à falta d’água para consumo humano, a chamada água
potável provinda dos rios.
Suas advertências são
firmes e suas palavras têm o peso da
sabedoria tanto no sentido
de observar os erros
materiais quanto no de
perscrutar os complexos problemas
que podem levar os habitantes do planeta Terra a um beco sem saída.
O Papa Francisco tem os olhos para Deus como ainda os tem para os males da vida
leiga, para o lado prático desta,
para uma espécie de conhecimento,
digamos, fora do epicentro
teológico. Sua visão se me mostra aberta, acessível, sem
esoterismos nem excessos teóricos. Seus pronunciamentos não me
parecem dirigidos apenas aos iniciados,
aos eruditos católicos do clero regular
e dos pensadores laicos mais afeitos
às abstrações filosóficas ou
teológicas.
Sua
evangelização, suas prédicas se dirigem ao homem da rua, aos humildes, aos famintos, aos ainda milhões que não têm o que comer enquanto
outros se refestelam no puro
consumismo das sociedades hedonísticas,
principalmente de natureza
capitalista do Ocidente tanto quanto em parte do Oriente. Ora, tal
exacerbado modo de vida
epicurista, sibarita, perdulária, indiferente à sorte dos despossuídos tem suas
raízes na exploração dos mais fracos, na acumulação
da riqueza às custas de
meios ilícitos, corruptos,
frutos de falcatruas, de conchavos
feitos entre governantes e empreiteiras com a intermediação de
políticos que venderam alma e a
dignidade à diferentes máfias
das sociedades, cujo alvo são o lucro fácil e a ganância
pantagruélica geradores do individualismo com
ausência de parâmetros de vida
ética e de moralidade nas
ações do homem contemporâneo.
Quanto às
guerras que despontam aqui e ali no mundo,
não antevejo para elas melhoras
em direção à paz duradoura. Os organismos internacionais de paz fazem sua parte,
contudo as soluções concretas,
os conflitos não dão sinal de
chegarem a compromissos de
pacificação dos espíritos. Os
exemplos estão aí, na
Ucrânia, na Síria, no Afeganistão, na Coreia do Norte, em Israel e na Palestina só para mencionar uns poucos
exemplos de regiões conflagradas.
O pior de
tudo é que jovens
ingleses, americanos, franceses
ou de outras nacionalidades, se
bandeiam para o fanatismo de terroristas muçulmanos, dos jihardistas, do
denominado Estado Islâmico, com
pretensões expansionistas de
natureza geopolítico-religiosa. Sem disporem de amadurecimento ideal a uma compreensão equilibrada
dos problemas do mundo, esses mesmos
novos ocidentais, escolados
pelos terroristas e fanáticos,
se transformam em verdugos e
degoladores encapuzados com
sotaque britânico em cenas humilhantes
e horripilantes vistas pelas tevês
mundiais, com aquelas figuras mascaradas e vestes pretas,
prontas a se tornarem executores
das ações covardes contra jovens
ocidentais, alguns dos quais
jornalistas.
Os pais dos que se convertem
ao islamismo deformado pelo fanatismo, são deixados
para trás em desconsolo pela
opção religiosa (?) dos filhos;
ficam sem saber o que fazer e
procuram os motivos que
levaram seus filhos a
conversões religiosas e ideológicas. Os
terroristas que determinam as ações de bárbaros contra o ser humano põem a
culpa nos Estados Unidos, que, segundo eles, andam
bombardeando regiões onde
se homiziam grupos terroristas. Homens que se
tornam terroristas escudados
por supostos princípios
religiosos na realidade não
são verdadeiros praticantes do islamismo São
contrafações religiosas. O mundo fica,
assim, de ponta cabeça.
O terceiro
problema, lembrado pelo
Santo Papa, que assombra
o mundo, é a água. Esse líquido precioso,
condição essencial da vida,
já está dando sinais de escassez, e, aqui no Brasil,
tem assustado a população, sobretudo a de São Paulo. Todos nos lembramos do
chamado polígono das secas, flagelo
do Nordeste brasileiro e ao
mesmo tempo regalo de
políticos que se
aproveitaram do que se chamou “indústria
da seca.” Quem já imaginou
o grande estado de São Paulo, a
sua capital e o seu interior às voltas com a gravidade
da falta d’água. Para muitos
politiqueiros de má índole, a seca do Nordeste era um
prato cheio para manter
permanentemente sob sua dependência e cabresto
político-eleitoreiro, os flagelados dessa desgraça que tanto
assola aquela região. Foi a falta
d’água, de chuva, com a sua
consequência, a seca, que, no
Nordeste, inspirou o clássico romance
Vidas secas, de Graciliano Ramos.
A saga de
Fabiano é a do retirante acossado pela
fome, pela seca e pelo descaso
governamental. No Oriente,
regiões antes desérticas, se
transformaram em solos férteis. No
Brasil, ao contrário, a falta
d’água, agora se transfere para a
“locomotiva do país.”
Os governos de
São Paulo foram imprevidentes
e incompetentes, botando toda a
culpa na falta de chuva, na estiagem,
quando se sabe que as razões são mais profundas e estão, pois, ligadas
à falta de cuidados com os rios que abastecem São Paulo, na capital e no interior.
Uma outra
causa de desídia
governamental é a completa
ausência de planejamentos para
salvar as fontes hídricas do
Tietê que, no coração paulistano,
se transformaram em vergonha nacional, com o rio poluído, lugar de
despejo de sujeira industrial, de
lixo urbano, decorrente da ignorância de seus habitantes, ou seja, de falta de educação e carinho
para com o Tietê.
Como contrasta
tudo isso com os rios europeus e norte-americanos e de outros países!. O
Tâmisa, o Sena, o Danúbio,
o Mississipi, o Nilo, o Tejo, por exemplo, são, à vista dos nossos, modelos de
preservação de suas
nascentes, são parte viva
de seus povos que
os tratam de forma humana, i.e.,
como dádivas da natureza em benefício de povos
civilizados.
O mesmo poder-se-ia afirmar do rio São Francisco, do outrora famoso Velho
Chico, o "rio da integridade nacional.” O governo Lula, com
o populismo de sempre,
resolveu desviar o curso
desse rio, não atendendo aos
apelos de um defensor, se não
me engano, um
padre, da integridade física e
navegável do grande rio,
fazendo até greve de fome.
O
objetivo do governo era
levar água para áreas do
Nordeste secularmente
assoladas pela seca. Até
agora, a obra não foi
concluída e o que se fez
resultou num gravíssimo crime,
o de que a nascente principal do
São Francisco já secou ou está secando.
São Paulo, na capital e no interior,
hoje está fortemente dependente das bênçãos divinas, da
permissão de São Pedro para que
faça chover em São Paulo a fim de
auxiliar o que pouco se tem de
reservas d’água pressionada por uma
capital altamente demográfica
e sem planejamento urbano
adequado.
Do Norte já
sinalizam problemas da bacia Amazônica. O maior rio do mundo em volume d’água já se ressente com
a criminosa depredação do homem
brasileiro, através das queimadas,
do desmatamento. O “pulmão do mundo” é uma riqueza
inestimável e responsável pelo
equilíbrio do meio ambiente em
nível planetário.
Durante a
recente campanha presidencial
nenhuma dessas questões que afligem
a saúde de nossas reservas
hidrográficas se discutiu, o que
é muito grave. As vozes politiqueiras se calam
diante dos magnos problemas nacionais, pois estão mais pensando em macroeconomia, superávit primário, divisão
orçamentária, aumento de salários
de deputados e de benefícios para
eles como o auxílio moradia e quejandos.
Como aumentar
salários desses políticos que, mesmo
sem aumento, já desfrutam de uma vida de nababos? É por isso que, nas redes sociais, cresce assustadoramente o número de
cidadãos brasileiros
indignados contra os nossos
políticos e os nossos governantes, contra igualmente novas
mordomias para juízes federais
que estão pleiteando
auxílio-moradia, eles próprios que já
percebem altos salários
diametralmente injustos se comparados aos salários dos barnabés, dos aposentados pela Previdência Social
e de outros salários de órgãos
vitais ao progresso da nação, com militares das Forças Armadas, Polícia Federal,
professores do ensino fundamental
e médio federal, médicos federais e outros profissionais do
setor federal. Esses cidadãos, através
de coletas de assinaturas virtuais,
estarão encaminhando, por via
judicial, aos governantes e
políticos que suspendam suas pretensões descabidas de
fortalecerem seus privilégios
em detrimento do bem-estar do
povo brasileiro.
Vejam outra
gritante injustiça que se comete
neste país: um funcionário de uma
estatal como a Petrobrás, e não estou
falando de executivos do alto
escalão, recebe sessenta mil
reais mensais, como é exemplo um
deles implicado nos escândalos
da Petrobrás. Imagine-se o que
não recebem os altos funcionários daquela estatal que, não satisfeitos com os
seus salários de marajás, ainda
por cima se envolvem em
falcatruas com empreiteiras
e políticos inescrupulosos. A ganância deles não tem
tamanho e o seu limite são os milhões
ou bilhões desviados para
bancos estrangeiros e a
ostentação desavergonhada de uma
vida-paraíso aqui na
Terra.
Para eles, só uma
solução: que mofem em masmorras sem direito a progressão da sentença. Desta forma, ajudarão a
minimizar a impunidade brasileira.
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