Cidade de Brejo do Piauí |
Capitão Francisco
Pereira da Silva
Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras
Hoje vamos acender luzes sobre a
memória de um antigo ancestral, que viveu no período colonial, o abastado
fazendeiro, militar e político Francisco Pereira da Silva.
Ele nasceu e viveu toda a sua
existência na fazenda das Mutucas, depois rebatizada de Malhada, no médio curso
do rio Piauí, então termo de Oeiras, depois, sucessivamente, de São Raimundo
Nonato, São João do Piauí, Canto do Buriti e, atualmente, de Brejo do Piauí.
Era o penúltimo dos nove filhos do casal de colonizadores portugueses que
entraram no Piauí e se estabeleceram na referida fazenda logo depois da
instalação da vila da Mocha(1717), descendentes do ilustrado clã dos Pereira,
Antônio Pereira da Silva, cavaleiro da Ordem de Cristo e sua esposa Maria da
Purificação. Para informação do leitor, foram seus irmãos os que seguem em
ordem decrescente de idade: 1. José
Pereira da Silva (1.º do nome), fazendeiro, membro da Junta Trina de
Governo(1789), foi casado com Maria Josefa Alves da Fonseca; 2. Manoel Caetano
Pereira da Silva, fazendeiro, em 8.1.1774, na matriz de N. Sra da Vitória, casou-se
com Rosa Maria da Silva, filha de Manoel do Rego Monteiro e D. Maria Teixeira
de Andrade; 3. Capitão Antônio Pereira da Silva, seu sócio em empreendimentos
agropecuários, também membro da Junta de Governo e sobre quem escreveremos
algumas notas; 4. Josefa Maria da Conceição, foi casada com Hilário Vieira de
Carvalho(2º); 5. Maria Pereira da Silva,
foi casada com José Vieira de Carvalho(irmão do antecedente);6. Leandra; 7.
Simoa; e, 9. Padre João José Caetano Pereira da Silva, residente na fazenda das
Mutucas, coadjutor na freguesia de N. Sra. da Vitória(informações de 29.1.1784
e 30.8.1800).
Na carreira militar, desde cedo sentou praça
nas tropas da guarnição do Piauí, requerendo confirmação da carta patente no
posto de alferes da Companhia de Cavalaria Auxiliar, em 20 de abril de 1796; em
25 de setembro de 1801, solicita confirmação na patente de capitão de ordenanças
do 2.º Regimento de Cavalaria Miliciana da Guarnição do Piauí, cujo posto já
exercitava por nomeação do capitão-general do Estado.
O capitão Francisco Pereira da Silva exerceu
os mais elevados cargos públicos em sua terra, inclusive o de Provedor da Real
Fazenda e dos Ausentes, no ano de 1797; nesse mesmo ano, também no exercício do
cargo de vereador do Senado da Câmara de Oeiras, que exerceu por diversas
vezes, e juiz ordinário mais velho da mesma câmara foi alçado a ouvidor-geral
da Capitania e, por força do cargo, exerceu a presidência da Junta de Governo
do Piauí, inscrevendo-se assim, entre os governantes da Capitania do Piauí.
Nesse aspecto, substituía o irmão Antônio Pereira da Silva (2º), que exerceu os
mesmos cargos no exercício anterior.
Em face do exercício desses cargos públicos e
por conta de perseguições políticas, no início do ano de 1801, esteve por
alguns dias preso em São Luís do Maranhão, a exemplo de muitos outros políticos
piauienses do período, logo mais conseguindo a sua liberdade.
Porém, o maior destaque do capitão Francisco
Pereira, foi na atividade pecuária e na exploração de seu comércio, de que foi
sócio com o referido irmão Antônio Pereira da Silva, estando eles entre os
maiores criadores piauienses do período.De 1782 a 1784, foi juntamente com o
mesmo irmão, arrematante dos dízimos da freguesia de Oeiras.No ano de 1800,
exportaram juntos somente de suas fazendas estabelecidas na freguesia de
Jerumenha, inclusive a Rio Grande, hoje cidade de mesmo nome, 380 cabeças de
gado vacum para a cidade de São Luís
do Maranhão.
Em 9 de janeiro de 1775, na fazenda Buriti,
também no vale do rio Piauí, casou-se com Izabel Francisca Soares (em alguns
documentos aparece Izabel Maria da Conceição), filha de Manoel Ribeiro Soares,
então falecido e de Maria Josefa de Jesus, portugueses, senhores da fazenda da
Onça, no rio Piauí; foram padrinhos do matrimônio, seus parentes Ignácio
Rodrigues de Miranda e Antônio Pereira de Miranda, donos da fazenda em que
foram celebradas as bodas. De seu consórcio deixou o capitão Francisco Pereira
da Silva, sete filhos, a saber: 1. Comendador Valentim Pereira da Silva, chefe
político de Jerumenha; 2. Maria Josefa da Conceição, foi casada com o major
Antônio Pereira da Silva(3.º), Prefeito de Jerumenha ao tempo da Balaiada; 3.
Teresa de Jesus Maria, que foi casada com o coronel Joaquim de Sousa Martins, Governador
das Armas e irmão do Visconde da Parnaíba; 4. Isabel Brígida da Purificação,
foi casada com o T.te-C.el Inácio Francisco de Araújo Costa; 5. Ana Pereira da Silva(Donana),
foi casada com o T.te-C.el. Francisco Manuel de Araújo Costa, irmão do
antecedente; 6. Major José Pereira da Silva (bat. 25.7.1781), residente na fazenda
Malhada, foi casado com a prima Inês Maria do Nascimento; e, 7. Rita, batizada
em 29.12.1787.
Quando o governador Carlos César Burlamaque
foi injustamente preso no Maranhão, o capitão Pereira foi um dos que se
manifestou em abaixo-assinado em seu favor.
Em outubro de 1811, em face de pedido do
governo, concorre com mantimentos e cavalgaduras para suprir a tropa
capitaneada por José Dias Soares, no combate aos índios Pimenteiras, nas
cabeceiras do rio Piauí (CABACap. Cód. 161, p. 149/149v).
Muito interessante e rico de detalhes.
ResponderExcluir