domingo, 14 de março de 2021

Josélia

 


JOSÉLIA


Elmar Carvalho

 

(Em lembrança de minha irmã falecida aos

 15 anos de idade, em 02 de julho de 1978.)

 

Fui pisado

pela terra.

Fui pisado

pela terra,

eu que sempre

procurei pisar

nas nuvens e

no céu.

 

                             Sem dormir sonhei,

                             mas o sonho acabou

                             antes de haver começado.

                             (Ainda bem, porque

                             o sonho era mau.)

 

Sonhei que minha

irmã morrera,

mas ela não morreu.

Era tão cheia de vida

que continua viva

na lembrança dos

que ficaram.

Ela continua viva

porque houve apenas

uma metamorfose

existencial.

 

                             Seu sorriso

                             seu (e)terno sorriso

                             sem precisar da

                             matéria para

                             ser desfraldado

                             continua estampado

                             em seu rosto

                             imaterial.

 

Josélia tinha a pureza dos inocentes

a inocente malícia dos felizes

e a beleza dos que não são

deste mundo cão.

Por isso foi

para o céu de

onde (vi)era.   

2 comentários:

  1. Belo poema! Principalmente na parte que sonhou acordado, e felizmente o sonho acabou, por que era ruim! As pessoas boas serão sempre inesquecíveis! Foi homenageada nesse poema e salvo me engano em uma rua de Parnaiba, como também pela irmã que deu seu nome a sua filha! Josélia ou Grosélia será sempre eterna!

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